terça-feira, 6 de março de 2012

Vamos humanizar o mercado de trabalho?

Fonte da imagem: Internet
por Simoni Aquino

O post de hoje era para ser outro, mas ontem tive uma notícia muito triste e como respeito a matéria-prima de meu trabalho, que é o ser humano essa notícia me fez refletir sobre algumas situações existentes do mercado de trabalho.

CONHECENDO UM PROFISSIONAL
Sou participante de uma rede social voltada à profissionais e participo ativamente de grupos de discussão, num desses grupos conheci um profissional que vou chamar de R.P. 

Numa determinada ocasião, ele pediu de presente de aniversário um emprego, eu li aquele post e num primeiro momento pensei “esse cara é louco” e passei batido, no dia seguinte uma pessoa o cumprimentou pela coragem e ele respondeu que um headhunter o havia criticado por estar se “oferecendo” ao mercado e isso não era positivo, uma vez que o bom profissional não fica desempregado. 
Fiquei revoltada! 

Por mais que o tivesse considerado “louco”, eu fiquei pasma de um profissional somente criticá-lo e não ajudá-lo ou ao menos, aconselhá-lo e resolvi me manifestar. Expliquei que sua abordagem não era a mais adequada, pois poderia passar ao mercado um “desespero”, pois em momentos de desemprego o tempo vai passando, as contas vão chegando, os compromissos financeiros devem ser honrados e as oportunidades de trabalho não vão surgindo ou se concretizando. Esse desespero é natural e compreensível, mas expliquei que o mercado não deve ter conhecimento desse sentimento, promovi algumas orientações sobre RH e sobre comportamento no mercado de trabalho. 

Enfim, trocamos e-mails e ele acreditava que alguns fatores estavam o prejudicando como idade e falta de fluência em inglês. A exigência do idioma eu não questiono por que para algumas empresas é necessário pois o profissional terá de usá-lo em suas atividades, mas a  idade? Não consigo entender esse mercado que considera alguém com mais de 50 anos como alguém que não pode servir para o mercado. 
Como assim! Qual o fundamento disso?

Vi que seu currículo não o “vendia” o suficiente e o reformulei, modéstia à parte ficou um excelente trabalho, o novo currículo demostrava toda a sua experiência e suas competências, bem como os valores que podia agregar às empresas, pois estava em contato com um profissional maduro, competente e capaz, com uma carreira sólida e consistente, nível pessoal e familiar exemplares e apresentando valores éticos que o mercado necessita.

Ele estava há algum tempo fora do mercado e empresas sem o privilégio de tê-lo como colaborador! 
Marketing pessoal? 
O preconceito?! 
O descaso?!
Estava com a estima baixa, preocupado, me disse que há alguns meses seu trabalho era buscar trabalho e passava mais de 10 horas garimpando oportunidades e reforçando seu networking. 

Quando seu novo currículo foi finalizado, ele se enxergou nesse currículo o que faz sua autoestima retornar e passou a se sentir mais confiante para enfrentar o mercado de trabalho, estávamos há uma semana do carnaval aguardando este período de prostração passar, para que o Réveillon do Mercado de Trabalho chegasse para que efetivamente sua busca por recolocação desse resultados positivos com seu novo currículo.

Não teve tempo para isso!
Infelizmente, foi internado graças a uma apendicite que se complicou e ontem tive a notícia que R.P. partiu deste plano a semana passada. Fiquei abalada, pois mesmo sabendo que não estava muito bem achei que seu “sumiço” fosse o fato de ter se recolocado e não ter tido tempo de contar a novidade...
Foram menos de 1 mês de convívio virtual, mas pude conhecer um grande ser humano, um marido preocupado e um pai dedicado, uma pessoa de valores éticos e sólidos, sem dizer o profissional: o mercado de trabalho perdeu um Gestor daqueles bons.

HUMANIZAR O MERCADO DE TRABALHO?
Mesmo sendo profissional da área, não compreendo por que um profissional como esses esteve tanto tempo fora do mercado?
Por que mesmo tendo participado de inúmeros processos de seleção, ele permanecia disponível?
Nenhum selecionador enxergou as competências que ele possuía?
Será que essas competências não eram suficientes para o mercado?
E o fator idade contou pontos para sua falta de oportunidades? Sofreu preconceito por seus anos de maturidade?
Ele participava de processos de seleção e nem feedback tinha!
Um profissional de mais de 50 anos não tem contas para pagar, não possui conhecimentos sólidos a agregar?
Um profissional graduado e pós-graduado não consegue retornar ao mercado de trabalho!

Tanto se fala que existem vagas e o que falta são profissionais qualificados... mas meu contato foi justamente com um profissional qualificado que só queria exercer suas atividades para as quais apresentava experiência, conhecimentos e competências! Um profissional que só pretendia ser útil ao mercado, um cidadão que só pretendia contribuir honestamente para a sociedade e um ser humano cujo foco era manter e proteger dignamente sua família!

Atrás de um profissional tem um ser humano! 

Lógico que não estou levantando uma bandeira de “filantropia no mercado de trabalho”, mas o que considero justo e honesto é que o mercado de trabalho em conjunto com as empresas, os profissionais de RH e as empresas de recolocação devem atuar de maneira socialmente responsável, sem rotular os profissionais, sem preconceitos banais e atuando de maneira ética e valorizando as competências.

Seu falecimento não ocorreu por causa do desemprego, mas com certeza o psicológico e sua preocupação com essa condição levaram a este profissional a “se esquecer” de sua saúde em prol de sua desesperada busca por recolocação. Usando de empatia, imagine a cabeça de uma pessoa nessa condição e deitada num leito de hospital lutando por sua recuperação em meio à tantas preocupações inerentes a esta condição de disponível do mercado de trabalho.

Precisamos de um mercado de trabalho mais humanizado!

HOMENAGEM
"R.P., esteja onde estiver agradeço-lhe por me permitir entrar em seu caminho e ter podido contribuir para lhe trazer confiança! Jamais me esquecerei de sua confiança e lhe prometo que atuarei como profissional ainda mais humana, socialmente responsável e respeitando as competências dos profissionais sem rotulá-los!"

R.P., PAZ NA SUA NOVA CAMINHADA E LUZ NO CAMINHO DE SUA FAMÍLIA!

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10 comentários:

  1. Pois é.....realmente a idade pesa e eu estou na mesma situação. Tenho bom curriculo, rejeitei no ano passado empregos que exigiam viagem porque eu não queria parar meus cursos. No mês de setembro quando finalmente terminei meus cursos fui chamada em 4 empresas de engenharia que prestavam serviços para a Petrobras, mas teria que viajar para bem longe. E por fim ao mesmo tempo surgiu uma vaga em uma outra empresa de engenharia aqui pertinho de casa e até com salário menos. Eu iria substituit um coordenador de qualidade que resolveu sair da empresa para abrir seu negócio próprio. Optei é claro por ficar perto de casa. 10 dias depois fui demitida, porque o cidadão que eu ia substituir resolveu se arrepender de sair da empresa e como a mesma era pequena, não comportada dois coordenadores. Já fiz inúmeras entrevistas em várias empresas de engenharia até então, em fevereiro fiz duas entrevistas em duas construtoras 4 vezes, no qual, tinham pressa em contratar e eu feliz com isso. Pois no dia 1º de março cançada de esperar liguei para as recrutadoras que me responderam que ainda estavam entrevistando pessoas e que ainda não têm resposta. Sou maior de 50 anos, tenhho contas para pagar sim, meu saldo no banco está begativo e minhas contas vencendo e ainda....sem sequer uma resposta....imagine a minha imensa angústia. estou tomando atpe florais para me acalmar....mas a angústia é enorme.

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    Respostas
    1. Pois é, Anônimo!
      Infelizmente o mercado de trabalho é muito cruel, por isso mesmo a necessidade de humanizá-lo.

      Realmente é muito angustiante estar disponível e os compromissos financeiros aguardando para serem honrados, todo profissional íntegro e honrado se preocupa com isso.

      Espero que o blog possa contribuir para obter informações, dicas e orientações para minimizar a angústia deste período.

      Grande abraço e sucesso na sua busca por recolocação!
      Simoni Aquino

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  2. Simoni, qual seu e-mail, gostaria de escrever. Abraços,
    hanna_kika@hotmail.com

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  3. Infelizmente isto é verdade !!! Precisamos ter mais pessoas como você, como nós!

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    Respostas
    1. Olá Anônimo!
      Com relação à minha pessoa, você está sendo generoso, procuro apenas ser lúcida e atuar com empatia ao lidar com pessoas.

      De qualquer forma, obrigada pelas palavras e por prestigiar o blog!

      Sucesso!
      Simoni Aquino

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  4. Excelente o seu trabalho Simoni.

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  5. Olá!
    Obrigada pelo elogio ao meu trabalho! Continue me dando a honra de sua visita e divulgue o blog a seus amigos e conhecidos.

    Abraço e sucesso!
    Simoni Aquino

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  6. Simoni, só tenho a agradecer pelas suas publicações. Tem sido de muita valia para mim. Essa publicação em especial, retrata exatamente o que estou passando. Me vi ali no lugar do R.F. Estou nesse processo desde setembro do ano passado. Agora estou na fase de delapidar meu patrimônio para saudar compromissos e manter a família. Fiz aniversário a pouco, e gostaria muito de ter uma recolocação no mercado. Pedi muito para Jesus, porém também sei que o tempo dele é diferente do nosso. E como bom filho que sou, aumento minha fé e esperança que tudo que passamos tem um porque; por que esse que ainda não descobri. Hoje que nem o R.F., faço da procura minha ocupação diária.

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  7. Olá!
    Seu agradecimento é mais por sua generosidade, do que por meu mérito! Só tenho divulgado os conhecimentos obtidos em minha profissão, mas Infelizmente tenho recebido inúmeros relatos como o seu, onde percebemos que o profissional mais maduro e experiente tem tido muito dificuldade na recolocação. Muitas vezes até mesmo lançando mão de seus recursos e patrimônios para se manterem dignamente.

    A fé e a determinação devem estar cada vez mais fortes neste momento delicado, pois como disse, realmente nosso tempo não é o mesmo Dele e esse tempo é que nos oferece aprendizado e possibilidade de repensar nossos atos.

    Grande abraço e muito sucesso na sua busca incessante por recolocação!
    Abraço,
    Simoni Aquino

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Olá!
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Conto com a sua compreensão,

Simoni Aquino
Idealizadora e escritora do Blog Além do RH

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