quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Transcrição do Discurso de Steve Jobs na Universidade de Stanford em 2005

Fonte da imagem: internet
Atendendo a inúmeros pedidos, hoje publicarei a transcrição do célebre  discurso de 8 minutos realizado por Steve Jobs, CEO da Apple Computer e da Pixar Studios, quando foi paraninfo da turma de formandos de 2005 da Universidade de Stanford, na Califórnia nos EUA. Na ocasião, Steve Jobs estava se recuperando de uma cirurgia para a retirada de um câncer no pâncreas, descoberto em 2004. 

Sabemos que inúmeros mitos foram criados acerca de Steve Jobs, especialmente sobre seu estilo de liderança, mas não entrarei nesse mérito, pois não nos cabe julgar um gestor que construiu o império que conhecemos e que soube se cercar de grandes profissionais. Até o momento de seu discurso, pouco se sabia da origem familiar de Steve Jobs e a partir de então, o mundo tomou conhecido de sua origem humilde, de seus dramas familiares e da seriedade da doença que estava enfrentando. 
Por esses motivos, esse discurso é motivacional e essa personalidade nos serve de inspiração e sua mensagem acabou sendo eternizada através de suas emocionantes palavras:

por Steve Jobs
“É uma honra estar com vocês hoje na sua cerimônia de formatura em uma das melhores universidades do mundo. Nunca me formei na faculdade. Este discurso é o mais perto que já cheguei de uma formatura. Hoje quero contar a vocês três histórias da minha vida. Só isso, nada de mais. 
Apenas três histórias:

* A primeira história é a respeito de ligar os pontos:

Desisti de cursar a Universidade Reed depois dos primeiros seis meses de aula, mas continuei a frequentar o campus como ouvinte por mais 18 meses antes de desistir de vez. Por que eu larguei a faculdade? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma mulher jovem e solteira que tinha se formado na faculdade e decidiu me entregar à adoção. Ela fazia questão que eu fosse adotado por um casal formado no ensino superior e, por isso, tudo foi arranjado para que eu fosse adotado logo ao nascer por um advogado e a mulher dele.
Mas, quando nasci, o casal decidiu que na verdade o que queriam era uma filha. Assim, meus pais, que estavam na lista de espera, receberam um telefonema no meio da madrugada perguntando: “Temos um inesperado bebê menino; vocês o querem?” Eles responderam: “É claro”.
Posteriormente, minha mãe biológica descobriu que minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que meu pai não concluiu o ensino médio. Ela se recusou a assinar os documentos finais da adoção e só mudou de ideia alguns meses depois, quando meus pais prometeram que um dia eu iria à universidade.
Bem, 17 anos mais tarde, eu fui para a universidade. Mas, ingenuamente, escolhi uma universidade quase tão cara quanto Stanford, e toda a poupança dos meus pais, de classe trabalhadora, estava sendo gasta com o meu ensino superior. Depois de seis meses, não consegui enxergar o mérito daquilo.
Eu não tinha ideia do que queria fazer da vida e não imaginava como a universidade poderia me ajudar a descobrir a resposta. E ali estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham poupado durante toda a vida. Decidi abandonar o curso e acreditar que tudo daria certo no fim.
Na época foi assustador, mas, em retrospecto, foi uma das melhores decisões que tomei. Assim que larguei a faculdade, não precisei mais frequentar as aulas que não me interessavam e pude ir como ouvinte às que pareciam ser mais interessantes.
Nem tudo foi romântico. Eu não tinha quarto no dormitório universitário e, por isso, dormia no chão dos quartos dos colegas. Recolhia garrafas de Coca-Cola para trocá-las por US$0,05 e ter dinheiro para comprar comida. Caminhava mais de 10 km aos domingos, de um extremo ao outro da cidade, para fazer a melhor refeição da semana no templo Hare Krishna. Eu amava isso. E percebi depois que boa parte daquilo com que me deparei ao seguir minha curiosidade e minha intuição consistiu em experiências de valor incalculável.
Eis um exemplo do que quero dizer: naquela época, a Universidade Reed oferecia provavelmente a melhor instrução caligráfica de todo o país. Por todo o campus, cada cartaz e cada etiqueta de cada gaveta eram maravilhosamente escritos à mão. Por ter virado um desistente que não precisava mais assistir às aulas normais, decidi participar das aulas de caligrafia.
Descobri muito a respeito de fontes serifadas e sans-serif, de variações no espaçamento de diferentes combinações de letras, de características que mais chamam a atenção naquilo que há de melhor na tipografia. Era um assunto maravilhoso, histórico, de uma sutileza artística que a ciência não é capaz de capturar. E tudo me pareceu fascinante.
Nada disso parecia inspirar a menor esperança de encontrar uma aplicação prática na minha vida. Mas, dez anos mais tarde, quando estávamos projetando o primeiro Macintosh, me lembrei daquelas aulas. E todos aqueles conceitos foram incorporados ao nosso projeto para o Mac. Ele foi o primeiro computador a ter uma tipografia belíssima. Se eu nunca tivesse participado daquele curso como ouvinte, o Mac não teria contado com diferentes tipos de fonte e nem com caracteres de espaçamento proporcional. Como o Windows copiou o Mac, é provável que nenhum computador pessoal tivesse esses recursos.
Se nunca tivesse me tornado um desistente, não teria me tornado um ouvinte naquela aula de caligrafia e, talvez, os computadores não tivessem os maravilhosos recursos tipográficos que têm hoje. É claro que, na época da faculdade, era impossível ligar esses pontos. Mas, dez anos mais tarde, a relação entre eles estava claríssima.
Repito que não é possível ligar os pontos quando olhamos para o futuro; só podemos ligá-los ao olhar para o passado. É preciso confiar que os pontos acabarão se ligando uns aos outros. É preciso confiar em alguma coisa – instinto, destino, karma, o que for. Essa abordagem nunca me decepcionou, e fez toda a diferença na minha vida.

* Minha segunda história é a respeito do amor e da perda: 


Eu tive sorte – descobri cedo aquilo que amo fazer. Woz e eu fundamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, dez anos mais tarde, a Apple tinha crescido e virado uma empresa avaliada em US$ 2 bilhões, com mais de quatro mil funcionários. Tínhamos acabado de lançar nossa criação máxima – o Macintosh – no ano anterior, e eu tinha acabado de completar 30 anos.
E então, fui demitido. Como é possível uma pessoa ser demitida de uma empresa que ajudou a fundar? Bem, conforme a Apple cresceu, contratamos alguém que me pareceu muito talentoso para administrar a empresa ao meu lado e, no primeiro ano de parceria, as coisas deram certo.
Mas nossas visões para o futuro começaram a divergir e, finalmente, brigamos e nosso conselho administrativo decidiu tomar o partido dele. Assim, aos 30 anos, eu estava fora. A notícia foi muito divulgada. Aquilo que fora o foco de toda a minha vida adulta tinha sido tirado de mim, e a experiência foi devastadora.
Por alguns meses, não soube ao certo o que fazer. Tive a sensação de ter decepcionado a geração anterior de empreendedores – de ter derrubado o bastão quando ele era transmitido a mim. Encontrei David Packard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo. Meu fracasso foi absolutamente público e pensei até em fugir do Vale do Silício. Mas comecei a perceber algo: eu ainda amava aquilo que fazia. As infelizes situações vividas na Apple não tinham mudado isso em nada. Eu tinha sido rejeitado, mas continuava apaixonado.
E, assim, decidi começar de novo. Não percebi isso na época, mas parece que ter sido demitido da Apple foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para mim. O peso do sucesso foi substituído pela leveza de ser um iniciante de novo, menos cheio de certezas a respeito de tudo. Aquilo me deu a liberdade necessária para começar um dos períodos mais criativos da minha vida.
Nos cinco anos seguintes, fundei uma empresa chamada NeXT, outra chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher fantástica com a qual me casei. A Pixar avançou até criar o primeiro longa-metragem de animação feito por computador, Toy Story, e virou o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Numa reviravolta notável, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a Apple e a tecnologia que desenvolvemos na NeXT está no coração do renascimento da Apple. E Laurene e eu construímos juntos uma família maravilhosa. Tenho certeza que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.
Foi um remédio muito amargo, mas parece que o paciente precisava tomá-lo. Às vezes a vida nos atinge na cabeça com um tijolo. Não percam a fé. Estou convencido de que a única coisa que me manteve trabalhando foi o amor que sentia por aquilo que fazia. É preciso descobrir aquilo que amamos. E isso vale tanto para o trabalho quanto para a vida afetiva.
O trabalho vai ocupar uma parte substancial de nossas vidas, e a única maneira de ficarmos realmente satisfeitos é desempenhar um trabalho que acreditamos ser grandioso. E a única maneira de fazer um trabalho grandioso é amar aquilo que fazemos. Se ainda não descobriram o que é que amam fazer, sigam procurando. E, como ocorre em todos os grandes relacionamentos, as coisas só melhoram com o passar dos anos. Assim, continuem procurando até encontrar aquilo que amam. Não se contentem com menos do que isso.

* Minha terceira história é a respeito da morte.


Quando tinha 17 anos, li uma frase a respeito da morte que era mais ou menos assim: “Se viver cada dia de sua vida como se fosse o último, chegará um dia em que você estará certo”.
Aquilo me impressionou muito e, desde então, nos últimos 33 anos, tenho me olhado no espelho todos os dias pela manhã e me feito essa pergunta: “Se este fosse o último dia da minha vida, será que eu faria mesmo o que estou prestes a fazer hoje?” E, sempre que a resposta é “não” por muitos dias seguidos, percebo que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que logo estarei morto é a ferramenta mais importante que encontrei para me ajudar a tomar as grandes decisões da vida. Afinal, quase tudo – todas as expectativas, todo o orgulho, todo o medo do fracasso ou do constrangimento – tudo isso se torna insignificante diante da morte, restando só aquilo que é importante. Lembrar que vamos morrer é a melhor maneira que conheço de evitar a armadilha de pensar que temos algo a perder. Já estamos nus. Não há motivo para não seguir o coração.
Há cerca de um ano, fui diagnosticado com câncer. Fiz um exame às 7h30 da manhã, e ele mostrou claramente um tumor no meu pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos disseram que era quase certo que aquele era um tipo de câncer considerado incurável e que eu não deveria esperar viver mais do que três ou seis meses.”
Recomendaram-me que fosse para casa pôr as coisas em ordem, o que é um código deles para “prepare-se para morrer”. Implica em dizer para as crianças em poucos meses tudo o que pensavas ter dez anos para dizer. Implica em organizar tudo de modo a tornar mais fácil as coisas para sua família. Significa dizer adeus para os teus.
Vivi com esse diagnóstico o dia todo. Mais adiante, naquela tarde, foi feita uma biópsia em que me enfiaram um endoscópio goela abaixo, através do estômago e intestino, cravaram uma agulha em meu pâncreas e retiraram alguma células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que lá estava, contou-me que quando viram as células ao microscópio os médicos começaram a gritar, porque se tratava de um tipo muito raro de câncer pancreático que era curável por cirurgia. Fiz a cirurgia e, felizmente, estou bem agora.
Foi o mais perto que estive de encarar a morte e espero que seja a mais próxima que tenha estado por algumas décadas mais. Tendo passado por isto, posso dizer agora para vocês com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito útil, mas apenas puramente intelectual: Ninguém deseja morrer. Mesmo as pessoas que desejam ir para o céu não querer ter que morrer para ir para lá, e no entanto a morte é o destino que todos nós partilhamos. Ninguém jamais escapou dela. E assim é que deve ser, porque a morte é provavelmente a melhor invenção singular da vida. É o agente de mudança da vida, desfaz do velho para abrir lugar para o novo. Neste momento, o novo são vocês. Mas em algum dia não muito distante vocês gradualmente vão se tornando o velho e serão descartados. Desculpem que seja tão dramático, mas é a verdade. O tempo de vida de vocês é limitado, portanto não o desperdicem vivendo a vida de outrem. Não se deixem prender por dogmas, que é viver com os resultados do pensar de outros. Não permitam que o ruído das opiniões alheiras afogue a voz interior de vocês, e, mais importante, tenham a coragem de seguir seu próprio coração e intuição. Eles de alguma maneira sabem no que vocês realmente querem se tornar. Tudo o mais é secundário. 
Quando eu era jovem, havia uma publicação interessantíssima chamada “Catálogo de toda a Terra” que era uma das bíblias de minha geração. Foi criada por um cara chamado Steward Brand não longe daqui, em Menlo Park, trazida à vida com seu toque poético. Isso ocorreu nos anos 60, antes de computadores pessoais e desktop publishing, logo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era algo tipo Google em papel, 35 anos antes de haver Google. Era idealístico, cheia de belas ferramentas e grandes noções. Steward e seu time lançaram alguns números dessa Whole Earth Catalog e quando acharam que tinha chegado, lançaram um número final. Estávamos em meio aos anos 70, nossa era. Na última capa desse número final havia uma fotografia de um amanhecer numa estrada de interior, do tipo em que vocês estariam trilhando se fossem um pouco aventurosos. Abaixo dela as palavras “Mantenha-se faminto, mantenha-se ingênuo”. Era o adeus deles, sua assinatura. 
“Mantenha-se faminto, mantenha-se ingênuo”. Sempre tenho desejado isso para mim mesmo, e agora, como vocês que graduam estão começando vida nova, desejo então para vocês: mantenham-se famintos, mantenham-se ingênuos.

Muito obrigado".

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Dizem que sua profissão é irrelevante?



É PRECISO FALAR MAIS ALGUMA COISA?

Criação da arte é de propriedade intelectual de:
Simoni Aquino
Consultora em Gestão Estratégica de Pessoas

domingo, 21 de outubro de 2012

Agradecimento: Finalista do TOPBLOG 2012

Olá, caríssimos leitores!

Estou aqui hoje para agradecer imensamente por cada voto que o BLOG ALÉM DO RH recebeu e o colocou entre os "100 melhores blogs na categoria Notícias e Cotidiano" do Prêmio TopBlog Brasil 2012 - Empreendedorismo Digital que o credenciou a participar do 2º turno, que irá até o dia 10 de novembro.

Meus mais sinceros agradecimentos pela votação recebida!

Lógico que gostaria que meu blog fosse votado, mas estar entre os 100 melhores me surpreendeu demais, pois este blog tem apenas 7 meses e meio de existência e fala sobre um tema sério e por vezes impopular. Acredito que, seja o reconhecimento de um trabalho realizado com muita seriedade, respeito e profissionalismo. Além de empatia!

Gostaria de contar com os votos de meus leitores nesta 2º fase!

Continuem votando no Blog Além do RH através do selo ao lado -->

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Milho de Pipoca, por Rubem Alves

Como amplamente divulgado no Blog, participo dos Grupos de Estudos promovidos pela ABRHSP (Associação Brasileira de Recursos Humanos/SP) Regional Baixada Santista e na última quarta-feira tivemos o encontro do Grupo de Coaching II, o tema abordado foi Liderança Coach que foi apresentado pelas colegas de RH: Adriana Souza, Eliana Costa e Luciana Bezerra.

Através da breve apresentação do contexto histórico de 512 anos de Brasil, foi apresentado os modelos de liderança utilizados ao longo do tempos, passeando pelos vários estilos de líderes e abordando os modelos mais eficazes na atualidade: Situacional e Coach - focando obviamente na Liderança Coach muito em voga na atualidade e considerada a mais humana e eficaz.

A apresentação foi realizada através de um conceito lúdico utilizando vídeos, cases e discussão sobre lideranças e comportamento dos líderes. Na finalização, o grupo teve o cuidado e atenção em nos presentear com um singelo saquinho contendo milho, acompanhado da crônica Milho de Pipoca do escritor Rubem Alves. 

Achei a ideia fantástica e resolvi postar essa mensagem aqui no Blog Além do RH, agradecendo à Deus por meu envolvimento com a ABRH que me permite vivenciar momentos inigualáveis de grande aprendizado, companheirismo e ainda de conviver com profissionais que sabem "o que é ser RH de verdade".
Simoni Aquino

Fonte da imagem: Internet
"Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. 
Assim acontece com a gente. 
As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.

Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo.

O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor.

Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre. 
Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos.

Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! 
Sem fogo, o sofrimento diminui. 

Com isso, a possibilidade da grande transformação também.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais  quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer.

Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem  aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM!

E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado. Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar.

São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. 

A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No  entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras, a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém.
Em vez de sofrer pelas modificações que ainda não consegue, sinta-se grato pelas mudanças que já realizou." 

Rubem Alves 
Extraído do livro "O amor que acende a lua".  

Mutação do grão do milho em pipoca

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Headhunting e headhunter. Você os compreende?

por Simoni Aquino 
Fonte da imagem: Internet
Headhunting significa “caçando cabeças”. Também conhecido como Executive Search é um serviço especializado de identificação e indicação e recrutamento e seleção de “executivos” para ocupar cargos de alto escalão em aberto nas empresas. Esse serviço é contratado pelas empresas que necessitam dos executivos, portanto não é um serviço voltado à Pessoa Física.

Headhunter significa “caçador de cabeças” e são profissionais especializados em headhunting. São contratados pelas empresas para “caçar” no mercado de trabalho, profissionais que a empresa-cliente precisa admitir, buscam os executivos top de linha e normalmente trabalham com nomes de profissionais pré-estabelecidos e almejados pela empresa contratante.

CONTEXTO HISTÓRICO 
O primeiro headhunter de que se tem conhecimento foi Thorndike Deland, que surgiu no mundo corporativo americano nos anos 20 atuando no recrutamento de profissionais para os escalões inferiores de organizações privadas e para o Depto. de Guerra dos EUA.

Já nas décadas de 50 e 60, surgiram outros headhunters que conquistaram amplo reconhecimento: Em 1951 - Ward Howell e Canny Bowen (ambos originários da renomada empresa de consultoria McKinsey & Cia); em 1953 - Sidney Boyden, Heidrick e Struggles; em 1956 - Spencer Stuart (os quatro foram ex-consultores da Divisão de Recrutamento e Seleção da Booz Allen & Hamilton); em 1969 - Korn and Ferry (ex-consultor da Peat Marwick Mitchell) e Russell Reynolds (ex-bancário).

Todos se destacaram não só pelo caráter, nível de profissionalismo, visão holística ou pelos conhecimentos profundos sobre o negócio, mas também pela sólida rede de relacionamentos que construíram ao longo de suas carreiras, especialmente com os altos escalões das organizações.

A década de 70 para os headhunters foi essencial, pois marcou a expansão de suas atividades de negócios em escala mundial, aproveitando a expansão da economia global e local o que possibilitou a instalação de escritórios de headhunting na Europa, Ásia e América do Sul. Atualmente, o Brasil conta com grandes empresas nacionais e multinacionais de Headhunting desfrutando de boa reputação já que prestam serviços sérios e consolidados a seus clientes. 

ÉTICA DO PROCESSO
Existem vários críticos em relação à atuação ética do processo de headhunting uma vez que o foco dos headhunters são os profissionais que estão trabalhando em concorrentes de seus clientes e, portanto a tradução “caçador de cabeças” virou sinônimo de “ladrão de profissionais”.

Alguns empresários comparam a prática de headhunting à espionagem industrial ou concorrencial e portanto a considera antiética, já que é capaz de desestabilizar uma empresa que está indo bem em sua gestão, pois o executivo que está focado em sua atuação passa a ser assediado por algum headhunter e sua saída, que não estava em seus planos naquele momento, passa a ser considerada, já que o concorrente oferece remuneração, desafio profissional, autonomia e condições de trabalho às vezes mais atrativas do que sua realidade atual, consideram que esse assédio pode inclusive comprometer a performance do executivo.

Sem entrar no mérito de questões éticas, uma coisa devemos analisar e ponderar: nenhuma empresa é dona de seu quadro de colaboradores, ou seja, o executivo não é um bem permanente e tem o direito de decidir o que é melhor e mais adequado para a sua carreira profissional e se é o momento de deixar ou permanecer na empresa atual - ou na que o deseja. Além do mais, se existem consultorias especializadas em headhunting, é por que há demanda e se há demanda é por que existem empresários solicitando este serviço especializado. 

COMPETÊNCIAS DO HEADHUNTER
* Identificar, conhecer e refletir sobre o mercado de trabalho e a mão de obra executiva em todos os segmentos;
* Conhecer e aprimorar técnicas de negociação e habilidades de persuasão, investigação, rastreamento, monitoramento, recrutamento e seleção de executivos (especialmente os profissionais já colocados);
* Utilização, tabulação de testes comportamentais específicos para executivos;
* Confidencialidade, é absolutamente necessário o sigilo das informações não só em relação às empresas concorrentes de seu contratante, mas também em relação à integridade do seu profissional/candidato.

SINERGIA ENTRE HEADHUNTING E OUTPLACEMENT
Num dos artigos anteriores, foi abordado o Outplacement e já compreendemos como se dá esse processo e sua abrangência. Já que os headhunters realizam uma varredura no mercado à procura de executivos para seus clientes, podem estabelecer uma relação sinérgica com os especialistas de outplacement em busca de indicações, uma vez que ambos se beneficiam dessa relação de parceria.

Os headhunters ganham, porque são contratados pelas empresas para buscarem executivos de acordo com o perfil de seu cliente para preencher a posição em aberto e; os consultores de outplacement também ganham, porque através dos headhunters realizam a ponte entre o profissional que estão acompanhando e o mercado de trabalho. 

CARACTERÍSTICA ESSENCIAL – E SUA REAL ATUAÇÃO
A principal característica do processo de Headhunting são as técnicas de rastreamento de profissionais que estão trabalhando, pois são esses os executivos alvos deste processo.

Hoje existem profissionais se colocando como headhunters e oferecendo seus serviços a profissionais disponíveis e de qualquer nível hierárquico. Fuja desses profissionais, são pseudo-headhunters. Os verdadeiros headhunters trabalham apenas com o alto escalão e preferem os executivos empregados, somente após esgotados os nomes dos executivos empregados é que eles partem em busca dos executivos desempregados.

Como a consultoria de headhunting é contratada pela empresa que precisa contratar o executivo, nenhum headhunter deve cobrar nenhum valor de pessoa física, ou seja, do profissional escolhido, apenas cobrará da própria empresa contratante de seus serviços.

Se o profissional disponível for abordado por algum headhunter e este cobrar por seus serviços, já sabe: tome cuidado!

Abaixo algumas reportagens sérias que abordam este assunto:



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia do Professor: Lembremos o Discurso da Profª Amanda Gurgel

por Simoni Aquino
Arte: Alex Bonfim
 
Como filha de professora, a educação sempre foi importante em minha família. Não fui criada somente por uma excelente mãe, o que já é uma dádiva, mas também por uma educadora rigorosa, que buscava formar cidadãos. Minha heroína se foi há 18 anos, mas seus valores estão presentes em minha vida, não só para honrá-los, mas especialmente como forma de homenageá-la.

Este blog fala sobre mercado de trabalho e RH, mas especialmente sobre Gestão de Pessoas; e acredito que GP inicia-se na escola na figura de nossos professores e se estende aos bancos universitários. A Gestão de Pessoas em nível corporativo depende da educacional e são poucos os que fazem essa ligação.

O mercado de trabalho está acirrado e é incontável o número de profissionais desempregados, mesmo os que tem nível superior, o que para alguns não é diferencial já que não conseguem pôr em prática o aprendizado adquirido (através do CHA). Talvez porque nossa educação é fraca, pelo baixo investimento governamental (não é crítica a nenhum governo específico, já que este é um problema de décadas), mas sem falar no próprio desinteresse dos alunos pois para alguns, o que vale é tirar o "diploma".
Quem nunca viu os bares em frente às faculdades lotados de alunos em pleno horário letivo? E os alunos que levam à sério em dias de prova ainda sofrem assédio para "passar cola" aos que não assistem as aulas. 
Mas isso não é da minha conta, só sei que nunca matei aula e nem precisei colar em provas! Mas o fato, é que isso tudo se reflete no mercado de trabalho!

Retomando, hoje homenageio os professores (e minha mãe) trazendo o discurso da Profª Amanda Gurgel proferido na Assembleia Legislativa de RN em 10.05.11, que não deve ser encarado como um discurso local, mas algo que sintetiza a educação nacional. Palavras corajosas de alguém que fala com propriedade, pois traz a realidade da educação atual. A intenção não é humilhar os professores em seu dia, mas valorizá-los! Pois um profissional que passa pelo que passa e ainda busca fazer o seu melhor, merece todo o nosso respeito!

E fica a dica aos profissionais que buscam formação universitária só pelo diploma: Cuidado! O mercado de trabalho está cobrando um preço muito caro por isso...

"Bom dia a todas e todos!
Durante cada fala aqui eu pensava como organizar a minha fala. São tantas questões aqui colocadas e angústias do dia a dia de quem está em sala de aula e quem está em escola, eu queria pelo menos sintetizar minimamente essas angústias.

Como as pessoas apresentam muitos números e sempre colocam que os números são irrefutáveis, gostaria também de apresentar um número pra iniciar a minha fala. Que é um número composto por 3 algarismos apenas, bem diferente dos números que são apresentados aqui com tantos algarismos (se referindo aos parlamentares da Assembleia Legislativa) que é o número do meu salário: Um nove, um três e um zero que é meu salário base - R$930,00.

Aí eu queria fazer uma pergunta a todas e todos que estão aqui sem nível superior com especialização: se vocês conseguiriam, mas só respondam se não ficarem constrangidos obviamente, se vocês conseguiriam sobreviver ou manter o padrão de vidas que vocês mantém com este salário de R$930,00? Não conseguiriam. Certamente esse salário não é suficiente pra pagar nem a indumentária que os senhores e as senhoras utilizam pra frequentar esta casa aqui, não é?

Assim, minha fala não poderia partir de um ponto diferente desse, porque só quem está em sala de aula, só quem está pegando três ônibus por dia para chegar ao seu local de trabalho, ônibus precário inclusive, é que pode falar com propriedade sobre isso. Fora isso, qualquer colocação que seja feita aqui, qualquer consideração que seja feita aqui é apenas para mascarar uma verdade, que é uma verdade visível a todo mundo: que é o fato de que em nenhum governo, em nenhum governo que nós tivemos no nosso Estado (Rio Grande do Norte), na nossa cidade, no nosso país, a educação foi uma prioridade. Em nenhum momento. Então me preocupa muitíssimo a fala da maioria aqui, inclusive da secretária Betânia Ramalho, com todo respeito, que é: “não vamos falar da situação precária porque isso todo mundo já sabe”.

Como assim não vamos falar da situação precária? Gente! Nós estamos banalizando isso daí, estamos aceitando a condição precária da educação como uma fatalidade. Estão me colocando dentro da sala de aula com um giz e um quadro pra salvar o Brasil? É isso? Salas de aulas super lotadas com os alunos entrando a cada momento com uma carteira na cabeça, porque não tem carteira nas salas. Sou eu a redentora do país? Não posso, não tenho condições. Muito menos com o salário que eu recebo!

A secretária disse ainda: “que nós não podemos ser imediatistas, ver apenas a condição imediata, precisamos pensar a longo prazo”, mas minha necessidade de alimentação é imediata, a minha necessidade de transporte é imediata, a necessidade de Jéssica de ter uma educação de qualidade é imediata.

Eu gostaria de pedir aos senhores, inclusive, que se libertem dessa concepção errônea, extremamente equivocada, isso eu digo com propriedade, sou eu que estou lá, inclusive além, propriedade maior até que os grandes estudiosos. Parem de associar qualidade de ensino da educação com o professor dentro da sala de aula, parem de associar isso daí. Porque não tem como você ter qualidade em educação com professores três horários dentro de sala de aula. Porque é assim que os professores multiplicam os R$930,00. R$930,00 de manhã, R$930,00 à tarde e R$930,00 à noite pra poder sobreviver. Não é pra andar com bolsa de marca ou usar perfume francês, é pra ter condição de pagar a alimentação dos seus filhos, é pra poder pagar a prestação de um carro, que muitas vezes eles compram pra poder se locomover mais rapidamente de uma escola a outra. E eles precisam escolher o dia em que vão andar de carro, porque não tem condição de comprar o combustível.

A nossa realidade, o cenário da educação no Rio Grande do Norte hoje é esse. Não me sinto constrangida em apresentar o meu contra cheque, nem a aluno, nem a professor e nem a nenhum dos senhores aqui. Porque eu penso que o constrangimento deve vir de vocês. Sinto muito, eu lamento mas deveriam todos estar constrangidos. Entra governo e sai governo, peço desculpa mais uma vez a você Betânia, mas não tem novidade na sua fala. Sempre o que se solicita da gente é paciência, é tolerância e eu tenho colegas que estão aguardando pacientemente há 15 anos, há 20 anos por uma promoção horizontal. Professores que morrem e não recebem uma promoção.

Então, eu quero pedir à secretária, em primeiro lugar paciência também, porque nós não aguentamos mais esse discurso, não aguentamos! O que queremos é objetividade, como que é? Queremos sair desse impasse. Queremos, mas como? Sem nenhuma proposta, de mãos abanando. Voltar mais uma vez desmoralizado pra sala de aula pro aluno dizer: “professora, nós ficamos aqui sem ter aula e só isso que vocês receberam: R$20,00 ou R$30,00? E dão risada!

Pedimos ainda secretária: Respeito! Para que a senhora não vá mais a mídia dizer assim: “pedimos flexibilidade” como se nós fôssemos os responsáveis pelo caos, que na verdade só se apresenta pra sociedade quando estamos em greve, mas que está lá, todos os dias dentro da sala de aula, dentro da escola e em todos os lugares. Respeito! Não se refira a nossa categoria dessa forma, não se refira, nem se refira apenas como se fosse à direção do SINDE que está querendo fazer essa greve, não é não, são 90% da categoria.

90% da categoria no Estado inteiro, nos interiores e aqui na capital. Pedimos aos deputados, apoio. Estejam mais presentes, participem ali, vão à nossa Assembleia, procurem ouvir os trabalhadores, procurem saber a realidade. Pedir à promotoria que esteja com a fiscalização efetiva, ao Ministério Público, mas que não seja pra dizer: “professor não pode comer desse cuscuz não porque é um cuscuz alegado”, o cuscuz que a gente come, o cuscuz da merenda. Porque a promotoria está ali pra dizer que a merenda é do aluno não é do professor, é assim que funciona.

Diga-se de passagem, nós não temos recurso para nos alimentar diariamente fora de casa, não temos pra isso. São muitas questões mais complexas, questões muito complexas que poderiam ser colocadas aqui, mas infelizmente o tempo é curto e eu gostaria de solicitar isso em nome dos meus colegas que comem o cuscuz alegado, em nome dos meus colegas que pegam três ônibus pra chegarem ao seu local de trabalho, em nome de Jéssica que está sem assistir aula nesse momento, mas que fica sem assistir aula por muitos outros motivos: por falta de professor, por falta de merenda… 

É isso que eu quero dizer…"


 Assista ao vídeo do discurso da Profª Amanda Gurgel

Caso queiram conhecê-la o link para seu Blog é: 

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