quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Transcrição do Discurso de Steve Jobs na Universidade de Stanford em 2005

Fonte da imagem: internet
Atendendo a inúmeros pedidos, hoje publicarei a transcrição do célebre  discurso de 8 minutos realizado por Steve Jobs, CEO da Apple Computer e da Pixar Studios, quando foi paraninfo da turma de formandos de 2005 da Universidade de Stanford, na Califórnia nos EUA. Na ocasião, Steve Jobs estava se recuperando de uma cirurgia para a retirada de um câncer no pâncreas, descoberto em 2004. 

Sabemos que inúmeros mitos foram criados acerca de Steve Jobs, especialmente sobre seu estilo de liderança, mas não entrarei nesse mérito, pois não nos cabe julgar um gestor que construiu o império que conhecemos e que soube se cercar de grandes profissionais. Até o momento de seu discurso, pouco se sabia da origem familiar de Steve Jobs e a partir de então, o mundo tomou conhecido de sua origem humilde, de seus dramas familiares e da seriedade da doença que estava enfrentando. 
Por esses motivos, esse discurso é motivacional e essa personalidade nos serve de inspiração e sua mensagem acabou sendo eternizada através de suas emocionantes palavras:

por Steve Jobs
“É uma honra estar com vocês hoje na sua cerimônia de formatura em uma das melhores universidades do mundo. Nunca me formei na faculdade. Este discurso é o mais perto que já cheguei de uma formatura. Hoje quero contar a vocês três histórias da minha vida. Só isso, nada de mais. 
Apenas três histórias:

* A primeira história é a respeito de ligar os pontos:

Desisti de cursar a Universidade Reed depois dos primeiros seis meses de aula, mas continuei a frequentar o campus como ouvinte por mais 18 meses antes de desistir de vez. Por que eu larguei a faculdade? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma mulher jovem e solteira que tinha se formado na faculdade e decidiu me entregar à adoção. Ela fazia questão que eu fosse adotado por um casal formado no ensino superior e, por isso, tudo foi arranjado para que eu fosse adotado logo ao nascer por um advogado e a mulher dele.
Mas, quando nasci, o casal decidiu que na verdade o que queriam era uma filha. Assim, meus pais, que estavam na lista de espera, receberam um telefonema no meio da madrugada perguntando: “Temos um inesperado bebê menino; vocês o querem?” Eles responderam: “É claro”.
Posteriormente, minha mãe biológica descobriu que minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que meu pai não concluiu o ensino médio. Ela se recusou a assinar os documentos finais da adoção e só mudou de ideia alguns meses depois, quando meus pais prometeram que um dia eu iria à universidade.
Bem, 17 anos mais tarde, eu fui para a universidade. Mas, ingenuamente, escolhi uma universidade quase tão cara quanto Stanford, e toda a poupança dos meus pais, de classe trabalhadora, estava sendo gasta com o meu ensino superior. Depois de seis meses, não consegui enxergar o mérito daquilo.
Eu não tinha ideia do que queria fazer da vida e não imaginava como a universidade poderia me ajudar a descobrir a resposta. E ali estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham poupado durante toda a vida. Decidi abandonar o curso e acreditar que tudo daria certo no fim.
Na época foi assustador, mas, em retrospecto, foi uma das melhores decisões que tomei. Assim que larguei a faculdade, não precisei mais frequentar as aulas que não me interessavam e pude ir como ouvinte às que pareciam ser mais interessantes.
Nem tudo foi romântico. Eu não tinha quarto no dormitório universitário e, por isso, dormia no chão dos quartos dos colegas. Recolhia garrafas de Coca-Cola para trocá-las por US$0,05 e ter dinheiro para comprar comida. Caminhava mais de 10 km aos domingos, de um extremo ao outro da cidade, para fazer a melhor refeição da semana no templo Hare Krishna. Eu amava isso. E percebi depois que boa parte daquilo com que me deparei ao seguir minha curiosidade e minha intuição consistiu em experiências de valor incalculável.
Eis um exemplo do que quero dizer: naquela época, a Universidade Reed oferecia provavelmente a melhor instrução caligráfica de todo o país. Por todo o campus, cada cartaz e cada etiqueta de cada gaveta eram maravilhosamente escritos à mão. Por ter virado um desistente que não precisava mais assistir às aulas normais, decidi participar das aulas de caligrafia.
Descobri muito a respeito de fontes serifadas e sans-serif, de variações no espaçamento de diferentes combinações de letras, de características que mais chamam a atenção naquilo que há de melhor na tipografia. Era um assunto maravilhoso, histórico, de uma sutileza artística que a ciência não é capaz de capturar. E tudo me pareceu fascinante.
Nada disso parecia inspirar a menor esperança de encontrar uma aplicação prática na minha vida. Mas, dez anos mais tarde, quando estávamos projetando o primeiro Macintosh, me lembrei daquelas aulas. E todos aqueles conceitos foram incorporados ao nosso projeto para o Mac. Ele foi o primeiro computador a ter uma tipografia belíssima. Se eu nunca tivesse participado daquele curso como ouvinte, o Mac não teria contado com diferentes tipos de fonte e nem com caracteres de espaçamento proporcional. Como o Windows copiou o Mac, é provável que nenhum computador pessoal tivesse esses recursos.
Se nunca tivesse me tornado um desistente, não teria me tornado um ouvinte naquela aula de caligrafia e, talvez, os computadores não tivessem os maravilhosos recursos tipográficos que têm hoje. É claro que, na época da faculdade, era impossível ligar esses pontos. Mas, dez anos mais tarde, a relação entre eles estava claríssima.
Repito que não é possível ligar os pontos quando olhamos para o futuro; só podemos ligá-los ao olhar para o passado. É preciso confiar que os pontos acabarão se ligando uns aos outros. É preciso confiar em alguma coisa – instinto, destino, karma, o que for. Essa abordagem nunca me decepcionou, e fez toda a diferença na minha vida.

* Minha segunda história é a respeito do amor e da perda: 


Eu tive sorte – descobri cedo aquilo que amo fazer. Woz e eu fundamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, dez anos mais tarde, a Apple tinha crescido e virado uma empresa avaliada em US$ 2 bilhões, com mais de quatro mil funcionários. Tínhamos acabado de lançar nossa criação máxima – o Macintosh – no ano anterior, e eu tinha acabado de completar 30 anos.
E então, fui demitido. Como é possível uma pessoa ser demitida de uma empresa que ajudou a fundar? Bem, conforme a Apple cresceu, contratamos alguém que me pareceu muito talentoso para administrar a empresa ao meu lado e, no primeiro ano de parceria, as coisas deram certo.
Mas nossas visões para o futuro começaram a divergir e, finalmente, brigamos e nosso conselho administrativo decidiu tomar o partido dele. Assim, aos 30 anos, eu estava fora. A notícia foi muito divulgada. Aquilo que fora o foco de toda a minha vida adulta tinha sido tirado de mim, e a experiência foi devastadora.
Por alguns meses, não soube ao certo o que fazer. Tive a sensação de ter decepcionado a geração anterior de empreendedores – de ter derrubado o bastão quando ele era transmitido a mim. Encontrei David Packard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo. Meu fracasso foi absolutamente público e pensei até em fugir do Vale do Silício. Mas comecei a perceber algo: eu ainda amava aquilo que fazia. As infelizes situações vividas na Apple não tinham mudado isso em nada. Eu tinha sido rejeitado, mas continuava apaixonado.
E, assim, decidi começar de novo. Não percebi isso na época, mas parece que ter sido demitido da Apple foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para mim. O peso do sucesso foi substituído pela leveza de ser um iniciante de novo, menos cheio de certezas a respeito de tudo. Aquilo me deu a liberdade necessária para começar um dos períodos mais criativos da minha vida.
Nos cinco anos seguintes, fundei uma empresa chamada NeXT, outra chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher fantástica com a qual me casei. A Pixar avançou até criar o primeiro longa-metragem de animação feito por computador, Toy Story, e virou o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Numa reviravolta notável, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a Apple e a tecnologia que desenvolvemos na NeXT está no coração do renascimento da Apple. E Laurene e eu construímos juntos uma família maravilhosa. Tenho certeza que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.
Foi um remédio muito amargo, mas parece que o paciente precisava tomá-lo. Às vezes a vida nos atinge na cabeça com um tijolo. Não percam a fé. Estou convencido de que a única coisa que me manteve trabalhando foi o amor que sentia por aquilo que fazia. É preciso descobrir aquilo que amamos. E isso vale tanto para o trabalho quanto para a vida afetiva.
O trabalho vai ocupar uma parte substancial de nossas vidas, e a única maneira de ficarmos realmente satisfeitos é desempenhar um trabalho que acreditamos ser grandioso. E a única maneira de fazer um trabalho grandioso é amar aquilo que fazemos. Se ainda não descobriram o que é que amam fazer, sigam procurando. E, como ocorre em todos os grandes relacionamentos, as coisas só melhoram com o passar dos anos. Assim, continuem procurando até encontrar aquilo que amam. Não se contentem com menos do que isso.

* Minha terceira história é a respeito da morte.


Quando tinha 17 anos, li uma frase a respeito da morte que era mais ou menos assim: “Se viver cada dia de sua vida como se fosse o último, chegará um dia em que você estará certo”.
Aquilo me impressionou muito e, desde então, nos últimos 33 anos, tenho me olhado no espelho todos os dias pela manhã e me feito essa pergunta: “Se este fosse o último dia da minha vida, será que eu faria mesmo o que estou prestes a fazer hoje?” E, sempre que a resposta é “não” por muitos dias seguidos, percebo que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que logo estarei morto é a ferramenta mais importante que encontrei para me ajudar a tomar as grandes decisões da vida. Afinal, quase tudo – todas as expectativas, todo o orgulho, todo o medo do fracasso ou do constrangimento – tudo isso se torna insignificante diante da morte, restando só aquilo que é importante. Lembrar que vamos morrer é a melhor maneira que conheço de evitar a armadilha de pensar que temos algo a perder. Já estamos nus. Não há motivo para não seguir o coração.
Há cerca de um ano, fui diagnosticado com câncer. Fiz um exame às 7h30 da manhã, e ele mostrou claramente um tumor no meu pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos disseram que era quase certo que aquele era um tipo de câncer considerado incurável e que eu não deveria esperar viver mais do que três ou seis meses.”
Recomendaram-me que fosse para casa pôr as coisas em ordem, o que é um código deles para “prepare-se para morrer”. Implica em dizer para as crianças em poucos meses tudo o que pensavas ter dez anos para dizer. Implica em organizar tudo de modo a tornar mais fácil as coisas para sua família. Significa dizer adeus para os teus.
Vivi com esse diagnóstico o dia todo. Mais adiante, naquela tarde, foi feita uma biópsia em que me enfiaram um endoscópio goela abaixo, através do estômago e intestino, cravaram uma agulha em meu pâncreas e retiraram alguma células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que lá estava, contou-me que quando viram as células ao microscópio os médicos começaram a gritar, porque se tratava de um tipo muito raro de câncer pancreático que era curável por cirurgia. Fiz a cirurgia e, felizmente, estou bem agora.
Foi o mais perto que estive de encarar a morte e espero que seja a mais próxima que tenha estado por algumas décadas mais. Tendo passado por isto, posso dizer agora para vocês com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito útil, mas apenas puramente intelectual: Ninguém deseja morrer. Mesmo as pessoas que desejam ir para o céu não querer ter que morrer para ir para lá, e no entanto a morte é o destino que todos nós partilhamos. Ninguém jamais escapou dela. E assim é que deve ser, porque a morte é provavelmente a melhor invenção singular da vida. É o agente de mudança da vida, desfaz do velho para abrir lugar para o novo. Neste momento, o novo são vocês. Mas em algum dia não muito distante vocês gradualmente vão se tornando o velho e serão descartados. Desculpem que seja tão dramático, mas é a verdade. O tempo de vida de vocês é limitado, portanto não o desperdicem vivendo a vida de outrem. Não se deixem prender por dogmas, que é viver com os resultados do pensar de outros. Não permitam que o ruído das opiniões alheiras afogue a voz interior de vocês, e, mais importante, tenham a coragem de seguir seu próprio coração e intuição. Eles de alguma maneira sabem no que vocês realmente querem se tornar. Tudo o mais é secundário. 
Quando eu era jovem, havia uma publicação interessantíssima chamada “Catálogo de toda a Terra” que era uma das bíblias de minha geração. Foi criada por um cara chamado Steward Brand não longe daqui, em Menlo Park, trazida à vida com seu toque poético. Isso ocorreu nos anos 60, antes de computadores pessoais e desktop publishing, logo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era algo tipo Google em papel, 35 anos antes de haver Google. Era idealístico, cheia de belas ferramentas e grandes noções. Steward e seu time lançaram alguns números dessa Whole Earth Catalog e quando acharam que tinha chegado, lançaram um número final. Estávamos em meio aos anos 70, nossa era. Na última capa desse número final havia uma fotografia de um amanhecer numa estrada de interior, do tipo em que vocês estariam trilhando se fossem um pouco aventurosos. Abaixo dela as palavras “Mantenha-se faminto, mantenha-se ingênuo”. Era o adeus deles, sua assinatura. 
“Mantenha-se faminto, mantenha-se ingênuo”. Sempre tenho desejado isso para mim mesmo, e agora, como vocês que graduam estão começando vida nova, desejo então para vocês: mantenham-se famintos, mantenham-se ingênuos.

Muito obrigado".

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2 comentários:

  1. Olá Simoni, Bom Dia

    Mais uma vez você divide com os participantes de seu blog algo incrivel esse discurso de Steve Jobs, uma grande reflexão que ele nós trás com suas palavras desde já lhe agradeço e como digo sempre continue com esse seu trabalho e continuo sendo seu fã.

    Atenciosamente,
    Thiago Barros Melo

    ResponderExcluir
  2. Olá Thiago!

    Inicialmente desculpe-me pela demora na resposta, mas compromissos profissionais inviliabilizaram minha participação mais efetiva aqui no Blog Além do RH, mas aos poucos estou retornando.

    Eu que agradeço pelo respeito, pela parabenização quanto ao Blog Além do RH e fico feliz que mais uma vez tenha gostado da postagem.

    Grande abraço e ótima semana,
    Simoni Aquino
    wwww.simoniaquino.com.br

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Olá!
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Conto com a sua compreensão,

Simoni Aquino
Idealizadora e escritora do Blog Além do RH

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