quarta-feira, 7 de março de 2012

Por que algumas empresas não divulgam salários nos anúncios de vagas?

por Simoni Aquino
Fonte da imagem: Internet

Muitos profissionais disponíveis possuem a mesma dúvida, que gera grande descontentamento e inúmeras críticas às empresas e aos profissionais de RH. 
Como já estive desempregada algumas vezes, sou sensível a este descontentamento, considero natural que críticas ocorram e compreendo as dúvidas que essa questão gera.

Analisando pelo prisma das organizações, temos que compreender que ela é soberana em suas decisões desde que não fira legislações e não há legislação que obrigue as empresas a divulgarem o salário oferecido. Como profissional de RH, respondo que a questão salarial depende de muitos fatores a serem analisados sobre a divulgação ou não dos valores oferecidos:
- cultura organizacional;
- políticas de Recursos Humanos da empresa;
- estratégias utilizadas por ela frente ao mercado concorrencial, já que a empresa podem não querer que seus concorrentes tomem conhecimento de sua movimentação de pessoal e de seu nível salarial;
- nível hierárquico da oportunidade disponibilizada;
- importância que a empresa dá à confidencialidade de suas informações no que tange à segurança de seus colaboradores e futuros colaboradores.

O que temos que ter em mente é que questões que envolvem salário são extremamente delicadas e é perfeitamente normal que as empresas queiram se "preservar", ainda mais hoje onde a disseminação de informações e exposição das empresas e de seus colaboradores é muito fácil e veloz.

PRETENSÃO SALARIAL
Um dos recursos que serve para minimizar essa situação, é quando a empresa solicita a pretensão salarial ao anunciar a vaga. Essa é uma alternativa eficiente para a empresa e para os profissionais e que oferece bons resultados no recrutamento, uma vez que elimina os candidatos com pretensão salarial superior ao que a empresa oferecerá, portanto fora do perfil ideal da vaga. Dessa forma, quando a empresa solicitar a sua pretensão salarial, não responda “a combinar”, senão será eliminado do processo uma vez que a pergunta não está lá à toa.
Entretanto, há quem considere a solicitação da pretensão salarial uma oportunidade da empresa fazer "leilão" com o desempregado. Realmente existem empresas que exigem a pretensão para contratar por salário mais baixo, mas elas ficam sujeitas a penalidades caso haja na empresa outros funcionários de mesmo cargo e mesma função com salário maior registrado em CTPS e mesmo assim assumem o risco. Sabemos que no Brasil o "jeitinho brasileiro" está arraigado em nossa cultura e a ética é muito relativizada, mas nesse caso é melhor que o bom profissional nem ingresse neste “tipo” de empresa, pois não será feliz e sua passagem certamente será curta.
Não generalizando, devemos lembrar que a grande maioria das empresas que cumprem a legislação, possuem Políticas de Cargos e Salários estabelecida e bem definida e que obedecem as Convenções Coletivas às quais estão sujeitas.
OBS: Essa questão da pretensão salarial levanta tantos questionamentos que escrevi um texto tratando especificamente desse tema: "O paradigma da pretensão salarial", clique no link e compreenda.

DIVULGAÇÃO DO SALÁRIO
Como citado anteriormente, há muitas variações que dependem de empresa para empresa, mas encontramos as que:
- Disponibilizam o valor do salário oferecido já no contato telefônico:
- Já na primeira entrevista divulga o salário oferecido;
- Optam por "abrir" o salário apenas para os candidatos que chegarem às últimas etapas do processo, essa é uma prática comum em cargos mais estratégicos e é fácil compreender que, trata-se de questões de segurança, haja vista que quanto maior o salário ou remuneração, maior a necessidade de não expor valores.

SPAM DO CURRÍCULO - PANFLETAGEM
Muitos profissionais que estão PHD, fazem "spam" de seus currículos candidatando-se à vagas fora de seu perfil profissional e quando possuem o perfil, enviam o currículo aceitando o salário anunciado na vaga (quando divulgado) para "cavar" a entrevista e na seleção expõem outra pretensão. Com essa artimanha, acreditam que na entrevista podem conquistar a vaga com um salário maior.
Tem profissionais que não leem o anúncio completo e encaminham seu currículo sem ter avaliado corretamente o que a empresa busca e oferece, esse tipo de conduta é extremamente negativa por que o SPAM queima o profissional no mercado e ele passa a ser mal visto pelos selecionadores.

BOM SENSO
Considero que todos no mercado deveriam usar o bom senso e a empatia (algo que está em desuso nos tempos atuais). 
Você sabe o que é empatia? É a habilidade de colocar-se no lugar do outro!
Os profissionais não devem fazer Spam de seus currículos e devem se colocar de maneira positiva e efetiva no mercado, se candidatando apenas a vagas que possuem o perfil, já que podem compreender que seu currículo será imediatamente eliminado do processo. Dessa forma, poupariam tempo do recrutador e principalmente, não teriam suas expectativas frustradas.

Em contrapartida, as empresas e os profissionais de RH deveriam repensar suas estratégias de recrutamento e analisarem vaga a vaga se devem ou não mencionar salário, ou seja, dependendo da vaga fornecer o salário. Analiso de forma abrangente, mas lógico que os profissionais de RH devem sempre obedecer as políticas e estratégias da empresa.

Repudio empresas que, na figura de seus profissionais de RH "escondem" o salário e após diversas etapas e entre idas e vindas do candidato, não se dignam a abrir o salário para o candidato que está participando do processo de seleção. Isso é desumano e a empresa que realiza ou permite que o RH tenha este tipo de conduta, ao meu ver é no mínimo, antiética.
Uma boa alternativa é a realização de uma pré-entrevista telefônica, essa técnica pouparia tempo e recursos (financeiros, energia vital e tempo) de ambas as partes: empresa e profissional, pois dependendo do desenrolar da ligação, pode ocorrer ou não o agendamento da entrevista presencial.
Isso evita que o PHD gaste recursos e tempo desnecessários, além do tempo do RH que é precioso.

O mercado de trabalho é cruel e existe muita falta de ética de todos os lados, mas não acredito que seja viável para um recrutador não fornecer nenhum tipo de informação acerca da oportunidade disponibilizada, pois não atrairá talentos para participarem da seleção e isso pode ser prejudicial, haja vista que o RH trabalha com prazos para encerrar a vaga. Mas existem situações na vida que as pessoas só aprendem quando estão do outro lado e com os profissionais de RH que não são corretos ou éticos, não é diferente.

DICA
Para aqueles que gostariam de saber o salário antes de agendar a entrevista, vai uma dica no momento do contato telefônico:
Sempre se utilizando de muita cordialidade, perguntar a "faixa salarial oferecida", se o recrutador não informar, informe a ele que você tem uma pretensão e gostaria de saber se o salário oferecido está de acordo com esta pretensão que é de R$... (informar a pretensão).
Dependendo do recrutador e do nível hierárquico, essa prática funciona e na grande maioria das vezes, o recrutador dirá se o salário oferecido está de acordo com sua pretensão e se ele não informar, a decisão cabe ao profissional aceitar a participação na seleção ou não.

PARTICIPAÇÃO EM PROCESSOS DE SELEÇÃO
Devemos lembrar que o anúncio da vaga é apenas a primeira etapa num longo processo, portanto neste momento não existe nenhum compromisso de contratação. E essa é uma decisão que cabe ao profissional, participar ou não da seleção, se o salário não for divulgado no anúncio ou no contato telefônico.

BOM SENSO É A PALAVRA DE ORDEM À TODOS:
EMPRESAS E PROFISSIONAIS DISPONÍVEIS! 

Abraço e sucesso!

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5 comentários:

  1. Olá Simoni,
    Primeiramente gostaria de parabenizá-la pela iniciativa do Blog e dizer que os temas abordados são de grande valia pra todos os profissionais, estando eles disponíveis (meu caso) ou empregados. É bom ouvirmos a opinião consciente e franca de alguém que represente a classe de profisionais de RH tão amada e odiada (rs) ao mesmo tempo.

    Bem, em relação ao tópico da pretensão salarial, gostaria de dar 2 outros pontos de vista, complementar ao seu.

    1) Existe uma questão cultural no Brasil que precisa ser mudada também, que é o caso do sigilo absoluto da remuneração, até mesmo quando voce está empregado. Isto está arraigado tanto na mente do empregador/gestor quanto do empregado/colaborador.
    Parece que é constrangedor que o um colega saiba o salário do outro, em qualquer nivel hierárquico. Como se isso fosse mudar o caráter das pessoas ou sua posição no meio social, o que é um tremendo retrocesso (em países como USA, Canadá e Europa em geral, não existe tabu nisto. As pessoas sabem e falam abertamento sobre isto, sem nenhum constrangimento).

    2)No meu modo de ver, muitas vezes as "culturas organizacionais" das empresas se aproveitam deste sigilo absoluto para não promover uma adequação/nivelamento salarial dos seus colaboradores como o mesmo cargo/atividade/experiência. E confesso que sou menos otimista que voce, pois não creio que a maioria das empresas de grande/médio porte possuem um plano de carreiras bem definido e transparente.

    E para finalizar, creio que a pretensão salarial é, na maioria das vezez, mal utlizada pelas empresas. Trnasformou-se em algo de uso genérico e de corte, pra empresas de qualquer porte. Vejo que deveria ser usado com maior critério.
    As empresas deveriam anunciar a sua vaga, com o maior deltalhamento possível de atribuições e responsabilidades, sem exigir a tal pretensão salarial "de cara". E conforme os candidatos forem aparecendo, após a triagem de CVs, verifica-se a real necessidade de pretensão salarial para os pré-aprovados.
    Uma coisa é voce pedir pretensão para quem disputa uma vaga de executivo, ou até mesmo para quem está empregado e estabelece uma meta pra mudar ou não de emprego.
    Outra coisa, muito covarde no meu modo de enxergar, é pedir pretensão a quem está fora do mercado ou até mesmo querendo mudar de área/carreira. Ou seja, é uma singela maneira da empresa fechar as portas para quem está fora e mante-la aberta pra quem já está dentro...
    Enfim, queria apenas ccompartilhar meu ponto de vista, pois já senti na carne...rs.

    Mais uma vez, parabéns pela iniciativa!
    Sds,
    Leonardo Beck

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  2. Olá Leonardo!
    Imicialmente quero agradecer-lhe por estar prestigiando o blog e por considerar o conteúdo consciente e franco. Acredito que, somente com maturidade e respeito é que podemos nos posicionar e melhor ainda, sermos respeitados.

    Sou utópica, preservo o respeito aos seres humanos e primo pela humanização no mercado de trabalho e infelizmente, nos deparamos com muitas situações desprezíveis e antiéticas por este mercado afora. O mundo de uma forma geral deve mudar, ser mais humano e respeitar as pessoas e o mercado de trabalho não é diferente!

    Agradeço pelas suas pertinentes colocações e respeito ao trabalho exposto por mim!

    Abraço e ótima semana!
    Simoni Aquino

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  3. Olá Simoni,
    Vendo hoje o seu blog percebo claramente que o profissional no Brasil é uma piada.
    Sou formado em Propaganda e Marketing e estou em um momento de procurar emprego.
    A politica de ESCONDER o salário SÓ PREJUDICA O CANDIDATO, que se dispõem de tempo e dinheiro (transporte).
    Fui em duas entrevistas nessa semana e mesmo em meu perfil profissional exigir uma vaga acima de 1000 reais. As empresas oferecem 900,00. NOVECENTOS PARA UM PROFISSIONAL FORMADO COM INÚMEROS CURSOS!
    É uma ofensa! Deveria existir uma lei que quando a empresa chamasse para uma entrevista, o valor do salario,carga horaria e tudo mais estivesse estipulado.
    Mas o Brasil é assim, somos todos palhaços.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Anônimo!

      Não ficou claro em seus comentários, que você tenha lido o artigo em sua íntegra, mas deixo registrado um trecho do próprio texto:

      "Para aqueles que gostariam de saber o salário antes de agendar a entrevista, vai uma dica no momento do contato telefônico:
      Sempre se utilizando de muita cordialidade, perguntar a "faixa salarial oferecida", se o recrutador não informar, informe a ele que você tem uma pretensão e gostaria de saber se o salário oferecido está de acordo com esta pretensão que é de R$... (informar a pretensão). Dependendo do recrutador e do nível hierárquico essa prática funciona e na grande maioria das vezes, o recrutador dirá se o salário oferecido está de acordo com sua pretensão e se ele não informar, a decisão cabe ao profissional aceitar a participação na seleção ou não."

      Dessa forma, você não precisa comparecer às entrevistas sem conhecer ao menos a faixa salarial e se você se considera "um palhaço", você tem a possibilidade de utilizar o seu livre arbítrio, pois a participação em processos seletivos "é uma decisão que cabe ao profissional, participar ou não da seleção, se o salário ou faixa salarial não forem divulgados no anúncio ou no contato telefônico".

      Independente de quaisquer discordâncias, fica seu registro e desejo-lhe sucesso em sua busca por recolocação!

      Abraço e ótimo final de semana!

      Simoni Aquino
      www.alemdorh.blogspot.com
      www.simoniaquino.com.br

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  4. Bom dia Simone.

    Gostei muito do blog e também da página do Facebook, entretanto eu gostaria de fazer uma pergunta que eu não encontrei no blog.
    A pergunta é a seguinte.
    Qual ação o candidato deve tomar quando esta participando de 3 processos seletivos em 3 empresas diferentes. Em uma delas fui aprovado e fui chamado para trabalhar, porem a outra empresa que ainda não finalizou o processo seletivo me chamou para continuar o andamento da vaga, e essa empresa eu teria um cargo melhor e um salario melhor.
    Qual ação devo tomar, mediante esse cenário ?
    Começar a trabalhar e continuar os outros processos mais interessantes e pedir as contas se essa outra empresa melhor me chamar, ou simplesmente ignorar os outros processos uma vez que já consegui ingressar no mercado de trabalho ?
    Isso acontece muito comigo, pois as empresas demoram para dar feedback para avisar se a vaga finalizou ou não, e com isso alguns processos finalizam e outros continuam.

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Olá!
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Conto com a sua compreensão,

Simoni Aquino
Idealizadora e escritora do Blog Além do RH

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