segunda-feira, 16 de julho de 2012

Religiosidade e a Gestão de Pessoas

por Simoni Aquino

Esse tema será abordado hoje atendendo a solicitação de um leitor do Blog. Um tema muito pertinente, que causa desconfortos e exige reflexões profundas. Como este Blog é imparcial e isento, não aceita e não promove generalizações e julgamentos, pois como Gestora de RH  busco conduta ética especialmente no que tange ao respeito à diversidade, que é um dos pressupostos básicos da Gestão de Pessoas.

Portanto, não será abordada nenhuma religião em específico e muito menos, não haverá citação de nomes ou títulos de correntes ou filosofias religiosas. Apenas análises de posturas profissionais em relações às inúmeras crenças existentes e até mesmo o ateísmo - e os impactos que os comportamentos podem ocasionar no universo corporativo, em específico nos processos de seleção.

A nossa Constituição Federal garante o direito à liberdade de escolha religiosa ao cidadão brasileiro. A religião é importante para grande parte do ser humano, uma vez que possibilita a sustentação da fé; que possibilita o fortalecimento dos indivíduos em momentos delicados e o reforço e a crença em valores positivos. 

Citei grande parte, pois como sabemos, encontramos indivíduos ateus, ou seja, pessoas que não acreditam na existência de um ser supremo e que, portanto não seguem nenhuma corrente religiosa. Mas independente da existência de indivíduos que crêem ou que não crêem, todos os seres humanos devem ser respeitados e obviamente, não podem ser discriminados por crença ou falta de crença. 
Devem ser respeitados simplesmente por que são seres humanos e cidadãos!

Mas a grande problemática que envolve as religiões é o julgamento - que leva à intolerância! Isso se dá quando correntes religiosas e seus respectivos seguidores, acreditam que sua religião os dá o direito de julgar outros seres humanos em pontos onde suas crenças não consideram (independente dos motivos) adequadas ou corretas. Não se dão conta que estão indo contra o princípio da fraternidade pregado em todas as religiões, também vão contra a Constituição Brasileira, uma vez que nosso país é laico e a legislação não diz que essa ou aquela corrente religiosa é correta ou ideal. 

Religiões que se consideram "superiores ou corretas" em relação à outras são radicais e como sabemos, não só nas crenças - em tudo na vida, o radicalismo é prejudicial e corrosivo, pois faz perder o respeito.

No mercado de trabalho, encontramos diversidades e dessa forma, nada mais natural que encontremos profissionais ateus e profissionais ligados à inúmeras correntes religiosas. E logicamente que no RH, também!

Mas independente da corrente religiosa, atuar em RH e Gestão de Pessoas é delicado e exige que o profissional seja totalmente isento de qualquer julgamento e imparcialidade em relação às suas crenças e às dos outros. Ou seja, os profissionais de RH que são ligados de forma contundente e frequente à sua religião, devem ter a consciência de que suas crenças não devem entrar dentro da empresa, ou seja devem ficar fora do ambiente corporativo, para não caírem na armadilha de misturar “os assuntos” para que não promovam julgamentos inadequados, que não tenham postura invasiva ou desconfortável  no ambiente organizacional.

Particularmente, considero inadequado uso de adereços, joias, bijouterias, calendários e qualquer objeto que remeta à religiosidade dentro do ambiente corporativo, pois existe o momento adequado para manifestações religiosas e o horário de trabalho deve ser voltado às nossas obrigações corporativas. Assim como considero que o trabalho também não deva interferir na religião e como a vida pessoal não deva interferir no trabalho e vice-versa.

Mas uma situação preocupante é a questão religiosa de profissionais de RH, quando envolve a avaliação de candidatos em processos de seleção. Quando recebi a sugestão deste tema, lembrei-me que há uns 10 anos – antes de atuar em RH, fui reprovada na última etapa de uma seleção numa grande empresa em Guarulhos, fui considerada inadequada, uma vez que sou de uma religião diferente da selecionadora. Soube desse motivo, pois havia sido indicada por uma amiga que trabalhava na empresa, que ao questioná-la recebeu como justificativa a religião. 

Fiquei muito triste, pois se tratava de uma excelente empresa e um salário interessante, mas especialmente revoltada, por ter sido preterida não pela questão profissional e sim pela questão religião, que de forma geral busca humanidade e respeito. 

Considero vital que os profissionais de RH quando atuantes de qualquer religião, tenham extremo cuidado em relação à sua imparcialidade em posicionamentos e principalmente, avaliações - análises e julgamentos. Independente de qualquer situação, os profissionais de RH irão lidar com a diversidade: orientação sexual, raça, culturas, origem de nascimento, sotaques, estética e aparência, limitações físicas e intelectuais e; especialmente de crenças. E lidando com toda a diversidade existente, seus princípios religiosos e filosóficos não devem nortear o seu trabalho em RH, que exige ética e isenção. 

Em processos de seleção teremos candidatos com as mais diversas características e utilizar a questão religiosa como justificativa para preterir profissionais que apresentem distinções de valores e crenças religiosas das suas, mesmo sabendo que são profissionais qualificados e que estejam dentro do perfil da vaga, é antiético - desumano e fere a Constituição. Além da demonstração de uma mentalidade arcaica e pequena ao ponto de fazer com que sua religião baseie suas avaliações e julgamentos no trabalho.

Em seleção, é necessário muito cuidado por parte dos selecionadores, mas também por parte dos candidatos, já que em ambos é preciso postura antes de qualquer coisa, profissional. Os candidatos não devem se posicionar como se estivessem no local de seu encontro religioso e os profissionais de RH devem deixar sua crença fora da empresa. 

Lógico que existem algumas situações onde a religião deve ser considerada de alguma forma, o que exige diálogo, transparência e bom senso: existe religião que proíbe que o seu seguidor trabalhe em determinado dia da semana, que coma determinado tipo de alimento ou que utilize determinado tipo de vestimenta. 

Nesses casos, não é preconceito ou o julgamento que deve prevalecer e sim, o bom senso de buscar a melhor adequação e/ou aceitação das situações. Em alguns casos, quando não há adequação por parte de qualquer uma das partes, o candidato acabará por ser preterido, mas não poderá dizer que foi o preconceito ou o julgamento, mas sim as necessidades da empresa que foram incompatíveis com as possibilidades do candidato. 
 
Em contrapartida, o mercado de trabalho brasileiro já está evoluindo nesta questão, pois já existem inúmeras empresas que possibilitam a adequação de horários e dias de trabalho bem como o modelo do uniforme para contemplar o profissional, respeitando suas doutrinas religiosas.

Enfim, para atuar de forma ética, humana e justa, o profissional de RH, bem como qualquer outro profissional, podem cuidar de seu lado espiritual já que isso é muito salutar e garantido por lei, mas no local e no ambiente apropriados, já que o ambiente corporativo e o mercado de trabalho não são lugares para manifestações ou imposições religiosas!

E os profissionais de RH devem conscientizar-se da necessidade de uma atuação isenta, imparcial e livre de preconceitos e julgamentos, pois lidar com Gestão de Pessoas é colocar o ser humano acima de qualquer coisa! 
Inclusive de nossas crenças religiosas!

Este texto é de propriedade intelectual de:
Simoni Aquino
Consultora em Gestão Estratégica de Pessoas

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16 comentários:

  1. Realmente, o direito de cada um é de livre escolha por isso nós somos um pais livre abaixo os preconceitos de qualquer tipo.

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    1. Olá Anônimo!
      Inicialmente quero agradecer-lhe muito por ter prestigiado este artigo.

      Realmente nossa livre escolha é garantida pela Constituição, especialmente por que nosso país é laico. Concordo plenamente com você: "Abaixo qualquer tipo de preconceito!"

      Abraço e sucesso!
      Simoni Aquino

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  2. Simoni,

    Foi muito bem selecionada por você, nesta publicação, a citação da Monica Sampaio.
    Defendo a premissa que a tolerância religiosa deve ser adotada como norma em qualquer empresa; assim, o respeito às crenças religiosas deve ser observado por todos os colaboradores.
    Infelizmente, não existe uma norma trabalhista específica que regule esta condição, mas, como mencionado na publicação, o artigo 5º da Constituição Federal versa sobre os direitos e garantias fundamentais de toda e qualquer pessoa e, com base nesses princípios, pode-se aplicá-los na relação de intolerância ou, até mesmo, discriminação religiosa no trabalho. Vale lembrar que a Constituição Federal define como crime praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
    No entendimento de alguns advogados trabalhistas, o profissional que se sentir discriminado poderá ajuizar uma ação na Justiça pleiteando a mudança de conduta da empresa e, até mesmo, uma indenização por danos morais.
    O Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região (Processo 0086100-18.2010.5.23.0009), há pouco mais de um ano atrás, condenou uma ótica de Cuiabá (MT) a pagar R$5 mil de indenização por dano moral decorrente de discriminação envolvendo crença religiosa de uma trabalhadora que nem sequer chegou a ser contratada (http://trt-23.jusbrasil.com.br/noticias/2638010/empresa-pagara-indenizacao-por-discriminacao-religiosa).
    Há, também, o entendimento que as empresas devem permitir que os seus colaboradores não trabalhem nos feriados religiosos, a fim de que não haja uma interpretação de que estas os discriminam por sua religião.
    Vale ressaltar que um colaborador pode ser advertido disciplinarmente pela empresa se, por exemplo, utilizar de seu horário de trabalho para pregação religiosa; prevalecendo assim a igualdade de diretos e obrigações recíprocas.
    É interessante destacar que o Parlamento francês aprovou, no ano passado, uma lei, já em vigor, que proíbe o uso do véu islâmico (burca) em espaços públicos, prevendo multas de 150 euros para mulheres que desrespeitarem a proibição e punição de 30 mil euros e um ano de prisão para homens que forçarem suas mulheres a usarem o véu.
    Enfim, neste quesito parece que estamos mais desenvolvidos que o chamado “primeiro mundo”.
    Parabéns pela sugestão de tema pelo leitor do blog e pela sua abordagem assertiva sobre o este tema.
    Abraços.

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    1. Olá Wagner!
      Em primiero lugar quero agradecer-lhe pela parabenização em relação à ao tema e à abordagem assertiva. Tomei muito cuidado ao abordar este delicado tema, afinal de contas a premissa de respeito e tolerância devem ser seguidas ao pé da risca e toda a delicadeza e elegância são necessárias para evitarmos polêmicas desnecessárias.

      Parabéns por ter trago essa jurisprudências e todas essas informações legais a esse respeito, pois são úteis para demonstrar o quão sério e delicado é este assunto e realidade em nosso mercado de trabalho.

      Você disse muito bem, neste quesito, somos mais evoluídos que o "Velho Mundo", mas o povo brasileiro é reconhecido mundialmente por seu acolhimento. A intolerância é de uma parc ela mínima de pessoas, mas que inflezimente acontecem e causam danos e transtornos muitas vezes irreparáveis e que impactam no Clima Organizacional, na recolocação de muitos profissionais disponíveis e na conduta dos profissionais de RH (e de outras áreas, também) que são religiosos seguidores de suas crenças.

      A premissa de respeito, igualdade, obrigações e deveres devem ser iguais para todos. Independente de religião ou doutrina filosófica.

      Muito agradecida por sua pertinente contribuição ao Blog.

      Grande abraço e sucesso!
      Simoni Aquino

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  3. Olá Simoni,

    Realmente esse é um assunto que deve ser debatido pois cada um tem suas próprias escolhas eu mesmo um tempo atrás em uma entrevista para uma vaga de emprego uma das perguntas que me fizeram foi qual a minha religião respondi normalmente mais depois que acabou a entrevista fiquei me perguntando qual o objetivo dessa pergunta o que isso tem haver com o trabalho ao qual me candidatei gostaria da sua opinião sobre isso Simoni ficaria grato e agradecido.

    Abraços e Sucesso sempre !

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    1. Olá Thiago!
      Mais uma vez, agradeço por prestigiar o Blog e por contribuir com suas palavras sempre muito pertinentes.

      Concordo plenamente com você:
      Também não consigo compreender o porquê de um (a) selecionador (a) ou gestor (a) requisitante questionar a religião do candidato. Não compreendo no quê a religião do candidato irá agregar ou contribuir para suas obrigações no cargo e em suas competências técnicas.
      Valores e competências comportamentais e sociais, qualquer profissional irá apresentar - isso independe da corrente religiosa à qual ele é seguidor ou praticante.

      Eu aprendi que não se deve responder uma denominação de qualquer religião em específico, quando estava no mercado adotei como praxe a seguinte resposta:
      "Acredito em Deus, independente de religião".

      Considero este tema particular demais, para ser abordado em um processo de seleção, cujo foco deva ser o lado profissional e comportamental do candidato, não seu lado espiritual.

      Espero ter contribuído com meu ponto de vista!

      Super abraço e sempre muito sucesso!!!
      Simoni Aquino

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    2. Olá Simoni,

      Muito obrigado por sua opinião foi muito importante fico grato ^^

      Abraços e Sucesso

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  4. Adorei o artigo...
    Infelizmente já perdi várias oportunidades de emprego porque perguntam sobre a minha religião.
    Eu sou católica e já percebi que vários entrevistadores são evangélicos e torcem o nariz qd digo que sou católica.
    A maioria acaba a entrevista assim que faz a pergunta.
    É o cúmulo do absurdo.

    Sucesso Simoni...

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    1. Olá Anônimo!
      Inicialmente agradeço-lhe por prestigiar o Blog e por decidir deixar registrado seu comentário.

      Antes de comentar suas considerações, devo lhe dizer que não sou ligada a nenhuma religião protestante e portanto farei minha análise de forma bem isenta.

      Temos que ter muito cuidado e lucidez ao afirmar que "várias oportunidades" foram perdidas exclusivamente por conta de religiões. Senão corremos o risco, de nós mesmos sermos preconceituosos em relação às demais correntes religiosas distintas das nossas.

      Me preocupa o fato de você afirmar que foram "vários"!
      Já parou para pensar se o problema de "algumas" das várias preterições nos processos de seleção se deram a outros fatores que não fossem religiosos?
      Lógico que, com certeza, algumas reprovações possam ter ocorrido por conta de religião, mas não acredito em "várias reprovações". O mercado é muito vasto e é coincidência demais e você não pode afirmar que todos os entrevistadores eram realmente evangélicos. Como você tem tanta certeza nesta afirmação?

      "Vários" é afirmativo e abrangente demais!

      Exceto algumas religiões que se expressam através de sua vestimenta e de características na aparência, ninguém vem com uma placa pendurada informando qual corrente religiosa segue. Seria muita coincidência que várias seleções que você tenha participado, vários profissionais de RH e gestores requisitantes, eram justamente "evangélicos".

      Não avalie ninguém pela aparência! Nem afirme que ela é algo, que você talvez não tenha a confirmação de que ela seja!
      Se o entrevistador perceber que existe algum traço de "preconceito" (independente de qualquer situação) na conduta dos candidatos, com certeza este candidato será preterido no processo.

      Realmente existem preterições por conta de religião, como o texto ilustra. Não estou afirmando, mas minha experiência me faz acreditar que suas "várias" preterições não sejam "somente" por conta de religião.

      Faça uma autoanálise de sua conduta dentro do processo de seleção, se você tem boas referências profissionais, se apresenta competências exigidas pelo mercado atual e reveja suas posturas. É sempre salutar e nos torna mais conscientes de nossas limitações e de nossas condutas. Às vezes, no mercado de trabalho, o problema não está no outro e sim em n´so mesmos.

      Desejo-lhe muito sucesso a você também e seja sempre muito bem-vinda ao Blog!

      Grande abraço,
      Simoni Aquino

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  5. Fausto de Bessa Braga29 de julho de 2012 às 15:52

    Simoni Aquino. Transmito meus cumprimentos pela clareza e pelo alto critério de excelência no artigo postado. Parabéns. Fausto de Bessa Braga

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    1. Olá Fausto!
      Inicialmente agradeço-lhe por ter prestigiado o Blog e especialmente pela cordialidade e respeito em relação aos cumprimentos sobre o critéior de abordagem deste delicado e controverso tema.

      Seja sempre muito bem-vindo ao Blog!

      Grande abraço e sucesso!
      Simoni Aquino

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  6. olá
    acredito que nao deveriamos estar tratando isto, pois é tao ovio.
    a religiao é de foro particular e ninguem deve ser perguntado ou criticado sobre sua opçao religiosa.
    Apesar que em muitos países emigraçao pergunta sobre sua religiao. USA é dos paises que pergunta ao cidadao turco que pretende entrar no pais qual a sua religiao. Realmente isto é um absurdo nos dias de hoje.
    Na turquia todas as religioes coexistem sem qualuqer tipo de sensura. Inclusive nos funerais com frequencia se vem representantes musulmanos e catolicos na mesma ceremonia.
    Perguntar sobre a religiao estrapola o limite da individualidade e da liberdade, criando constrangimento sempre.
    Da mesma forma que a inclinaçao politica, time de futebol, opçao sexual, etc etc.

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    Respostas
    1. Olá Bel!

      Inicialmente desculpe-me pela demora na resposta, mas compromissos profissionais inviliabilizaram minha participação mais efetiva aqui no Blog Além do RH, mas aos poucos estou retornando.

      Eu que agradeço pela expressão de sua opinião, mas discordo de você quando diz que não deveríamos estar tratando deste assunto, por ser tão óbvio. Nem tudo que nos parece óbvio, realmente o é, haja vista que ainda nos deparamos com tantas guerras e desentendimentos em nome da intolerância religiosa, independente da corrente religiosa.

      Todo o assunto deve ser abordado de forma madura para que haja o debate a respeito e para que haja a mudança de postura em relação à intolerância e o preconceito que ainda impera no mundo e consequentemente, no mercado de trabalho.

      Grande abraço e seja sempre muito bem-vindo (a),

      Simoni Aquino
      www.simoniaquino.com.br

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  7. Olá Anônimo!

    Você que me encaminhou uma mensagem hoje às 12hs04m não terá sua mensagem liberada. Não por que a considerei inapropriada muito pelo contrário, até irei replicar abaixo trechos de sua mensagem. Mas decidi não moderá-la na íntegra para não divulgar e muito menos propagar aquele link que você me enviou, para não dar moral para esse tipo de palestrante.
    Segue parte da mensagem que o Blog Além do RH, recebida hoje:

    "Simone, não sou da área de RH, mas estava buscando esclarecimento sobre esse assunto.
    Uma associação de Rh não pode jamais associar sua imagem a qualquer tipo de religião, pressuponho eu, por gentileza você poderia analisar esse link e me responder se isso está correto?, pois existem diversas religiões, não somente XXXX baseadas na Bíblia!

    Desculpa me parece que já retiram o conteúdo da pagina, encontrei apenas na xxxx!

    Agradeco desde já!"

    Respondendo a sua pergunta:
    Não, esse pseudo-profissional de RH e palestrante não está correto - isso é antiético.

    Um pseudo-profissional de RH de uma cidade do interior de SP vem divulgando uma palestra abordando a utilização da fé no mundo corporativo, onde abordará justamente o que meu artigo coloca como inapropriado, já que vivemos num país laico.

    Digo que esse profissionalzinho é pseudo pois um verdadeiro profissional de RH não "vende" palestras sobre mercado de trabalho e universo corporativo se utilizando do tema "Fé" para propagar posicionamentos preconceituosos, ao invés de abordar as competências necessárias e exigidas pelo mercado de trabalho.

    Considero lamentável que um profissional de RH coloque sua religiosidade acima de sua profissão e com isso: promova julgamentos de profissionais não-religiosos ou de religiões distintas das suas.

    Não divulgarei o link para não expor a corrente religiosa desse tal palestrante e para não oferecer propaganda gratuita para um a atitude lamentável, deplorável e inclusive ilegal, já que de acordo com a Lei Federal nº 9.029 de 13 de abril de 1995 é proibida a discriminação por idade, bem como sexo, origem, religião, raça, cor, estado civil, aparência ou situação familiar. É lei!

    Simples assim!
    O Brasil é um país laico e consequentemente, o mercado de trabalho também deve ser.

    Grande abraço,
    Simoni Aquino
    www.simoniaquino.com.br

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    Respostas
    1. Bom dia Simone,

      Muito Grato pela informação!
      Eu me questionava muito sobre esse tema, mas procurei seu blog para poder ter esclarecimento de um profissional da área, conheço o palestrante e posso afirmar que o mesmo vem misturando Religião com RH, tanto que essa associação a qual não revelarei o nome vem trabalhando de forma preconceituosa com relação as demais religiões!

      Eles realizam dentro da associação, e no horário de trabalho uma especie de Rito, culto, missa, trabalho (para não divulgar a corrente religiosa) e os funcionários que não pertencem a mesma denominação não se sentem a vontade e alguns em casos (Caso com um membro da minha família) são até desligados da associação por conta disso!

      Agradeço muito a atenção e esclarecimentos!

      Abraços!

      obs: Vale ressaltar que o palestrante é também o presidente da associação!



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    2. Olá!
      Fico satisfeita que tenha compreendido meu posicionamento em relação à liberação de sua mensagem e que minha resposta tenha contemplado suas dúvidas.

      Infelizmente, esse profissional não é o único neste vasto mercado de trabalho a se utilizar da "religião e da fé" através do radicalismo para disseminar preconceito, distinção e desrespeito no mercado de trabalho.

      Mas, tenho alguns posicionamentos muito simples quando há descontentamento em relação ao clima organizacional:
      1. utilizar a Lei dos Dois Pés
      2. utilizar a Justiça trabalhista
      3. denunciar no DRT, no sindicato da categoria e no orgão de classe (CRA em caso de administradores ou CRP em caso de psicólogos).

      1. A Lei do Dois Pés é a seguinte: se eu não gosto do ambiente e não me sinto à vontade e respeitado eu utilizo meus dois pés para sair do local e nunca mais retornar. Muitas vezes é melhor ficar disponível e ser respeitado e livre para buscar colocações mais dignas.

      2. Isso pode ser configurado como assédio moral e para tratar dessa questão, o profissional deve recorrer à justiça trabalhista.

      3. Existem uma série de instituições públicas que servem para proteger o profissional lesado.

      O trabalhador deve buscar seus direitos e exigir ser respeitado em seus direitos. Mas, tem que exercer seus direitos, isso é cidadania!

      Grande abraço,
      Simoni Aquino
      www.simoniaquino.com.br

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Olá!
Por gentileza, antes de comentar leia nossos Termos de Uso, pois dependendo do conteúdo de sua mensagem ela poderá não ser respondida ou liberada.

Conto com a sua compreensão,

Simoni Aquino
Idealizadora e escritora do Blog Além do RH

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