quinta-feira, 28 de junho de 2012

Envio de currículos: vergonha alheia!

por Simoni Aquino

Trabalhando com Recrutamento e Seleção, percebo como os profissionais disponíveis cometem erros primários e que impactam negativamente na expectativa gerada por uma candidatura, bem como na imagem transmitida pelo candidato na triagem do currículo a ser realizada pelo selecionador.
Quando falo de “expectativa”, quero dizer que, ao candidatar-se a uma vaga de trabalho, o profissional cria expectativas em relação àquela oportunidade. O que é natural e plenamente compreensível, pois se trata de uma possibilidade iminente de recolocação.
Quando falo de “imagem transmitida pelo candidato na triagem do currículo”, quero dizer que, o processo de seleção inicia-se quando o selecionador analisa a candidatura do profissional à vaga trabalhada.
O que os profissionais não compreendem é que grande parte dos candidatos são preteridos do processo de recrutamento e nem chegam ao processo de seleção simplesmente por que não se enquadram ao perfil da vaga.
Simples assim!
Como profissional de RH, sou adepta a promover o anúncio de vaga fornecendo informações detalhadas a respeito da vaga, se procurar no Blog verá que as vagas que trabalho contém informações detalhadas (dentro das possibilidades e sempre respeitando a estratégia concorrencial e a cultura organizacional). Sou contra informações que só divulgam o título do cargo e email de contato, considero isso desrespeitoso com o candidato, mas não vou particularizar nenhuma situação, pois não me cabe julgar.
Entretanto, com a experiência de analisar currículos cheguei à conclusão que aproximadamente 70% dos candidatos não se enquadram no perfil detalhado da vaga e nos requisitos estabelecidos no anúncio, seja por formação acadêmica, faixa etária, trajetória profissional ou localidade de residência (alguns chegam ao cúmulo de não ler o anúncio até o final e enviam mensagem perguntando qual o email para envio do currículo – detalhe: o email para envio do currículo consta no anúncio...).
Preguiça de ler o anúncio até o final?
Negligência na busca por recolocação?
Metralhadora giratória?
Desespero pela condição de profissional disponível?
Despreocupação com a imagem profissional transmitida?
Soberba ou arrogância de se considerar “o bom” ou “a boa”?
Já desisti de tentar compreender os motivos que levam os profissionais a candidatarem-se a vagas mesmo estando cientes que não apresentam o perfil adequado. O que posso afirmar é que esse tipo de estratégia não surte o efeito desejado pelo candidato! Aliás, é um tiro no pé!
Não adianta um candidato tentar persuadir ou convencer um recrutador ou selecionador que é o candidato perfeito e adequado para a vaga mesmo não cumprindo os pré-requisitos divulgados, alguns até consideram que isso é demonstrar “habilidade de negociação”, não é!
Isso aponta indícios de falta de bom senso e que o profissional pode ter dificuldade em atender normas e orientações.
Lembre-se: a seleção inicia-se no recrutamento!
E quando o anúncio solicita a pretensão salarial então, nem se fala! O candidato deve compreender de uma vez por todas, que será preterido se não citar sua pretensão salarial, por mais adequado que seja o profissional! Ele não chega a ser considerado no processo de seleção se o currículo for encaminhado sem o valor mínimo pretendido pelo profissional. Na grande maioria das vezes, isso não é barganha ou leilão!
Ouvi de um profissional que “gurus do mercado” dizem que empresas sérias não mantém os salários sob sigilo, no artigo "Por que algumas empresas não divulgam salários nos anúncios?", onde foi abordada a questão do sigilo do salário na divulgação da vaga e vale a pena de ser lido para compreender os motivos que levam as empresas a manter seus salários sob sigilo. Lógico que existem empresas que leiloam suas vagas, mas na grande maioria das empresas não é leilão!
Isso é foco por parte da empresa contratante que terá uma seleção mais ajustada, ágil e assertiva, pois somente realizará o processo de seleção com os profissionais que estejam dentro do salário oferecido pela empresa. Sabemos que os profissionais valem o quanto pesam e nessa balança seu valor é determinado por sua formação acadêmica, por sua senioridade, por sua carreira profissional, se ele é um profissional da Geração X ou da Geração Y, por quantos idiomas tem fluência, por sua pós-graduação e esses fatores influenciam diretamente na sua pretensão salarial.
Valer o quanto o mercado oferece indica quem nem mesmo o próprio profissional mensurou o seu valor no mercado. Além do mais, prefiro acreditar que os profissionais esquecem-se (não imagino que isso não seja de conhecimento para os profissionais) que os valores salariais sofrem influências dependendo da localização geográfica da empresa, ou seja, o mesmo profissional pode receber remuneração maior se atuar na Capital de SP ou menor se atuar no Interior ou Litoral de SP.
Mensurar o quanto vale e qual o mínimo aceitável é valorizar-se no mercado de trabalho!
Enfim, os profissionais só terão chances no mercado de trabalho ao se candidatarem a oportunidades quando apresentam estritamente o perfil divulgado no anúncio.
Deixe que o selecionador faça o trabalho para o qual ele é pago para fazer e não se preocupe em demonstrar habilidades e competências como negociação, persuasão ou poder de convencimento, tentando convencer que possui o perfil da vaga, se não o tem!
Por mais  duro e cruel que possa parecer, é a empresa que determina o perfil e os requisitos e cada um tem sua razão de ser e não cabe ao candidato questionar ou tentar convencer o selecionador do contrário!
Faça um favor para si mesmo, respeite-se enquanto profissional!
E compreenda a competência Resiliência, que é a capacidade de superar frustrações ou situações adversas ou contrárias ao seu entendimento. Isso demonstra maturidade profissional!

Este texto é de propriedade intelectual de:
Simoni Aquino
Consultora em Gestão Estratégica de Pessoas

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8 comentários:

  1. Observações verdadeiras e úteis.

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    1. Olá Afonso!
      Inicialmente agradeço-lhe por prestigiar o Blog e por apreciar este artigo.

      Fico muito feliz que tenha considerado o texto verdadeiro e útil, pois os pontos de vista expostos nos artigos são justamente para que sirva de análise e que os profissionais disponíveis possam repensar posturas e aprimorem seus comportamentos no mercado de trabalho.

      O mercado de trabalho atual é muito competitivo e o profissional deve buscar minimizar as falhas o máximo possível, em busca do sucesso de sua recolocação.

      Grande abraço e ótimo final de semana!
      Simoni Aquino

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  2. Concordo com o artigo, a maioria das empresas contratam e chegam a um valor justo com o profissional, porém principalmente na área de TI existem algumas consultorias que na alocação de profissionais, buscam principalmente lucro fácil, ou seja, pagar um valor menor do que o valor do profissional, e como alguns profissionais precisam se recolocar no mercado, aceitam o valor.

    Uma pergunta e seu ponto de vista: Quanto vale uma forte indicação numa vaga, indicação de um diretor para uma vaga de Gestor de Projetos ?

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    1. Olá, Anônimo (você não forneceu seu nome)!
      Inicialmente agradeço-lhe por prestigiar meu Blog e por contribuir com seu ponto de vista.

      Como sempre digo, existem empresas e empresas e cabe ao profissional avaliar suas necessidades profissionais, pessoais e financeiras para optar em aceitar ou não as propostas oferecidas pelo mercado.

      Em relação ao seu questionamento e meu ponto de vista, não tenho por praxe analisar situações, áreas e segmentos de forma particularizada, pois os processos de seleção dependem de vários fatores.

      Não considero ético analisar vagas pontuais, pois não tenho informações detalhadas da empresa, vaga, perfil do profissional, ou seja, não tenho subsídios para avaliar a situação em questão.

      Mas como você apresenta a necessidade de compreender a "força e influência" de uma indicação dentro de processo de seleção, indico-lhe o artigo onde abordo o "Paradigma do QI/Networking". Caso tenha interesse em ler este texto acesse o link alemdorh.blogspot.com.br/2012/07/qi-networking-importante-ou-prejudicial.html

      Espero ter contribuído!

      Grande abraço, ótima semana e sucesso!
      Simoni Aquino

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  3. Simoni, muito bom o seu artigo, e reflete a nossa realidade em Rec e Sel.
    O dificil muitas vezes é explicar o inexplicavel ao candidato, pois ele acaba por questionar a propria empresa a qual se candidatou a vaga, e por ai, ja demonstra um perfil complicado ao inves de ser visto como "inteligente" e "questionador" ou ainda aquele que "não aceita as coisas facilmente", no entanto, cada competencia tem o seu lugar e sua hora, e esse tipo de postura só atrapalha a recolocação.
    Um grande abraço e Parabéns!
    Patricia

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    1. Olá Patricia!
      Fiquei surpresa com suas considerações! Por que veio de um profissional de RH e normalemente os profissionais de RH não participam de meu Blog. Não compreendo os motivos, pois acredito que somente outros profissionais da área tem condições de quebrar velhos paradigmas do RH.

      Poucos se estimulam a complementarem meus textos de alguma forma!

      Infelizmente existem candidatos no mercado de trabalho que não conscientizam-se que deentro do processo de seleção vários fatores são avaliados e que os profissionais de RH não são os detentores da tomada de decisão 100% e que o processo muitas vezes é composto por diversos envolvidos.

      Mas acredito que seja falta de bom-senso em algumas situações e não falta de conhecimento!

      Além do mais, esquecem-se de seus concorrentes que em grande parte está mais bem preparada que os profissionais reprovados já no recrutamento. Fora as competências mínimas necessárias que como você muito bem coloca "cada competencia tem o seu lugar e sua hora". Alguns se acham demais e na verdade, apresentam postura prepotente e impertinente e não há currículo que resolva o problema de um comportamento inadequado!

      Agradeço por prestigiar meu Blog, por se estimular a participar com seu ponto de vista.

      Desejo-lhe muito sucesso e seja sempre muito bem-vinda ao Blog Além do RH!
      Simoni Aquino

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  4. olá Simoni, acho ótimo seus artigos e bastante rico em orientações e dicas nas situações relacionadas em RH. Quanto a este artigo acredito que cada vez que um anuncio de vaga aparece, quem está buscando oportunidades acaba realmente se candidatando e consequentemente criando expectativas de serem chamados para entrevistas. Acho estranho qdo vejo uma vaga,e tem um numero enorme de pessoas que se candidatam; será que realmente estas estão adequadas ao perfil da vaga? atendem aos requisitos? Mas talvez a pergunta dos candidatos seja outra, ¨Será que para desenvolver as atividades descritas,são necessárias tantas exigências?¨ Acredito que o processo de comunicação entre as necessidades das empresas e seus potenciais colaboradores, são pouco claras e confusas gerando situações de frustrações para ambas as partes. Um abraço e até mais, Lavinia A. Vieira

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    1. Olá Lavinia!
      Inicialmente agradeço-lhe imensamente por suas palavras respeitosas em relação a meus textos.

      Realmente seu questionamento em relação à quantidade de candidatos que enviam seus currículos às vagas anunciadas é enorme, mas acredite: 70% desses candidatos não possuem o mínimo exigido pelos perfis da vaga.

      Lógico que existem os anúncios onde as informações aos candidatos são resumidas e nem sempre os candidatos tem condições de avaliá-las adequadamente, já vi vagas onde os recrutadores não informam sequer o município onde a empresa está localizada! Isso é bizarro!

      O artigo foi baseado na minha experiência, eu tenho por conduta, realizar o levantamento do perfil junto ao requisitante em conjunto com a descrição do cargo e de posse dessas informações, é que realizo o anúncio. Posso dizer por mim: as descrições das vagas que trabalho condizem absolutamente com o que o profissional irá exercer em seu cotidiano organizacional, mas lembrando-se que não são necessárias apenas as competências técnicas, mas INCLUSIVE as comportamentais. De nada adianta um candidato apresentar TODOS os requisitos técnicos e não apresentar pelo menos 70% das competências comportamentais estabelecidas pela empresa.

      Sabemos que existem selecionadores que exigem perfil acima do exigido, mas é um tiro no pé e logo a empresa apresentará índices altos de turnover, pois o profissional se desmotivará por ser subaproveitado e logo sairá da empresa. Realemnet não vejo lógica em considerar que grande parte das empresas realizem isso, pois são poucas que agem assim!

      A verdade é que o mercado de trabalho mudou, devido a inúmeros fatores e se o profissional disponível não compreender que a empresa é soberana na decisão do profissional que busca e deseja do mercado, permanecerão apenas questionando e questionando, sem buscar informações sobre os fatores que influenciaram a nova configuração do mercado de trabalho.

      É necessária compreensão de que o mercado mudou,trata-se de um processo que não irá retroagir e que caberá aos profissionais se adequarem a ele, não o contrário!

      Infelizmente, quem buscar o contrário, se frustrará! Escolherá demais e de tanto escolher, acabará por encontrar qualquer coisa! E acredito que não seja isso que os profissinais disponíveis, querem para si.

      Grande abraço e desejo-lhe muito sucesso!
      Simoni Aquino

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Olá!
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Conto com a sua compreensão,

Simoni Aquino
Idealizadora e escritora do Blog Além do RH

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