por Simoni Aquino
Se tem eventos que eu adoro acompanhar, são as Olimpíadas e as Paralimpíadas, eles nos ensinam muito - aliás, o esporte de forma geral nos ensina grandes lições. A cada ciclo sempre que tenho oportunidade, tento acompanhar tudo que posso, esse ano foi assim com as Olimpíadas e infelizmente, por conta de compromissos profissionais não tenho conseguido acompanhar as Paralimpíadas. Mas estou por dentro de tudo o que vem acontecendo com os paratletas brasileiros através dos telejornais.
Os temas superação, resiliência e determinação me encantam por motivos estritamente particulares, que não vem ao caso aqui no Blog Além do RH; e como realizo trabalhos que envolvem motivação de profissionais, esses temas fazem parte também de meu cotidiano profissional.
Hoje vou falar um pouco de Verônica Hipólito e por que cargas d´água ela virou tema aqui no Blog Além do RH, que fala sobre gestão de pessoas e mercado de trabalho.
Quem acompanha o Além do RH sabe que adoro bons exemplos e como podemos tirar ótimas lições desses exemplos positivos. E para começar, gostaria de deixar registrado que não conhecia a Verônica Hipólito e tampouco sua história, pelo menos até ganhar sua primeira medalha - de prata, na Paralimpíada do Rio há cerca de uma semana atrás. Fiquei tão emocionada ao ver uma entrevista sua no canal Sportv no quadro Tapete Vermelho, que resolvi conhecer um pouco mais de sua história e me tornei fã de carteirinha dessa paratleta.
Bem, feitas essas considerações, gostaria de dizer da emoção de conhecer sua trajetória de vida: ela tem 20 anos, pratica esportes desde a infância e aos 12 anos ela descobriu um tumor no cérebro, fez uma cirurgia e retirou o tumor; aos 14 anos teve um AVC - algo incomum para uma adolescente, ainda mais atleta, mas de acordo com o médico que a acompanha, ela apresenta uma doença rara no sangue, que aumenta o risco de derrames e justifica essa isquemia precoce. Ela teve o lado direito comprometido e como é destra, teve que se adaptar a uma nova realidade e reaprender a escrever utilizando a mão esquerda, hoje ainda convive com algumas sequelas, e além disso, convive com o risco de um novo AVC.
Aos 17 anos, mais uma rasteira do destino: foi descoberto um novo tumor no cérebro, ela optou por não operar e o tratamento foi à base de remédios extremamente fortes para evitar que os tumores crescessem ou afetassem sua visão ou seus hormônios. E mesmo após a descoberta desse novo tumor, participou do Mundial Paralímpico em Lyon na França e conquistou ouro nos 200 metros rasos e prata nos 100m.
Ainda conquistou ouro nos 200 metros,
100 metros e salto em distância nos Jogos Parasul-Americanos de 2014 realizados no Chile.
No ano passado, ela descobriu que tinha
Polipose Adenomatosa Familiar e estava com centenas de pólipos no intestino
grosso. Ela decidiu adiar a cirurgia para retirada de parte do órgão para depois das provas no Parapan de Toronto, no Canadá - e mesmo sem as condições clínicas ideais, ela levou três ouros, sendo nos 100m, nos 200m e nos 400m de sua classe, a T38 e ainda uma medalha de prata no salto em distância na classe T20/37/38.
Ao retornar, se submeteu à cirurgia e retirou grande parte do intestino (90% do orgão), mas a cirurgia era apenas o início de uma fase difícil que passaria, pois com dificuldades em absorver nutrientes, ela teve anemia, perdeu muito peso e sentia muitas dores e além de tudo isso, o tumor no
cérebro cresceu onde ela optou por aumentar a dose dos medicamentos para não ter de encarar uma nova cirurgia.
A recuperação da cirurgia do intestino e suas sérias consequências e o aumento na dose dos medicamentos para o tumor no cérebro, fizeram com que ela passasse por um período de 9 meses extremamente sofridos, o que a impediu de competir no Mundial de Doha no ano passado.
Fonte da Imagem: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB |
A preparação para a Paralimpíada iniciou esse ano e teve mais um episódio dramático, devido ao longo tempo parada, ela rompeu o músculo da coxa e teve de enfrentar mais um período em sua recuperação para retornar aos treinos para as Paralimpíadas do Rio.
Resultado de todo esse esforço e dedicação: conquistou 2 (duas) medalhas: prata e bronze nas Paralimpíadas do Rio.
Se vocês buscarem entrevistas da Verônica Hipólito pela internet, poderão constatar por que essa paratleta é encantadora! Com toda essa trajetória de vida sofrida: sofrendo com problemas sérios de saúde que envolveram cirurgias, medicamentos, recuperação, fisioterapia, dores, medos e tantos outros sentimentos que somente ela e sua família sentiram e possivelmente ainda sentem - ela transpira simpatia, positividade, força, garra, determinação e uma vontade imensa de ser melhor hoje do que foi ontem.
Essa força interior é admirável e para mim particularmente, contagiante!
E por qual motivo resolvi contar um breve resumo dessa trajetória de vida aqui no Blog Além do RH?
Lidando com consultoria de carreira, com recrutamento e seleção e analisando o mercado de trabalho, encontramos muitos profissionais, especialmente os que estão em busca de recolocação reclamando da vida, da sorte, do mercado de trabalho, das empresas, dos selecionadores - feitos a hiena Hardy do desenho Lippy & Hardy, lembram desse desenho?
Oh vida! Oh céus! Oh Azar!
Eu já estive desempregada por algumas vezes e tenho um desempregado em minha casa, portanto sei muito bem o quanto esse momento é delicado e extremamente desanimador. Mas o que faz a diferença na forma como lidamos com os reveses da vida? A forma como encaramos a nossa realidade, os acontecimentos que vão ocorrendo ao longo de nossa caminhada.
Podemos agir com a Hardy ou podemos agir como a Verônica...
E como encontramos pessoas que agem como a Hardy por esse mercado de trabalho!
Também temos as pessoas que agem como a Verônica...
Mas tenho a impressão que é sempre muito mais cômodo agir como a hiena Hardy, reclamando de tudo: se a pessoa é branca é por que é branca e a selecionadora não gosta de brancos, se a pessoa é negra é por que é negra e há racismo no mercado de trabalho, se a pessoa é amarela é por que as empresas não gostam de descendentes de orientais, se a pessoa tem faculdade é por que tem excesso de qualificação, se a pessoa não tem é por que falta qualificação, se a pessoa tem apoio da família ou se a pessoa não tem apoio dentro de casa, se a pessoa precisa de aprovação, se a pessoa é alta, se é baixa, se tem curso disso ou daquilo...
Tudo é motivo pra reclamar!!! Tudo vira um discurso vazio para justificar a má fase.
É preciso que se compreenda que na vida, fases difíceis todo mundo passa, umas demoram mais outras menos, mas toda fase boa ou má passa, e que dificuldades todos passam ou vão passar. Basta olhar ao lado e querer enxergar, sim por que precisa vontade! para querer enxergar que, sempre existirão pessoas que estão passando por momentos ainda mais difíceis que os nossos, que não há perseguição, que não é nada pessoal contra a nossa pessoa.
E alimentar excessivas expectativas também motiva a reclamar de tudo, pois nada será suficientemente bom para a pessoa e só se vê o lado negativo das coisas e é bom que se conscientize, nada e nem ninguém nunca será perfeito, portanto, nunca será capaz de atender as todas as nossas expectativas.
E ainda tem os místicos que culpam o azar, a falta de sorte, as estrelas...
Tudo vira uma tremenda muleta para se encostar e só reclamar... sem se dar conta que o agente de mudança, somos nós mesmos.
Ao passo que se agirmos feito a Verônica, com astral lá em cima, com positividade, encarando os problemas como algo existente e pertencente à vida, que os problemas são feitos para serem superados, que a fase está difícil mas toda fase passa - nos tornamos responsáveis por nosso estado mental, pois tudo flui de forma mais leve, os problemas ocorrerão... mas poderão ser superados com menos sofrimento e desgaste.
Imaginem só se a Verônica Hipólito ficasse só reclamando da vida, desde o primeiro tumor aos 12 anos? Alguém ai acha que ela realmente iria ganhar duas medalhas nas Paralimpíadas do Rio?
Ela talvez nem estivesse mais aqui, para viver tudo isso e nos dar esse exemplo de força, determinação e superação, pois a sua vida seria consumida pelo pessimismo e pelo negativismo...
Fonte da Imagem: Comitê Paralímpico Brasileiro |
E por que ela tem esse poder de superação e realização?
Muito provavelmente por que ela é determinada, por que ela não se deixa abater, por que ela não perde tempo reclamando da vida, por que ela não perde energia responsabilizando o destino, a família, a vida...
Ela luta!
Ela batalha!
Ela cai, levanta e se recupera!
Não vou falar de religião, pois nunca entro nesse mérito, mas vou falar de espiritualidade e energia. A determinação em se recuperar de cada problema de saúde, faz com o que ela gere energias e tenha méritos para ser recompensada com vitórias e com o alcance de seus objetivos, por mérito em ser resignada, em ir à luta e perseverar. Tudo é energia e atraímos a energia que emanamos, se só pensarmos em coisas ruins, só teremos motivos para atrair as coisas negativas.
E você? Vai continuar agindo como o Hardy?
Ou vai passar a perseverar como a Verônica Hipólito? Afinal, ela está ai nos presenteando com seu exemplo de positividade e garra, fazendo bonito em cada competição e deixando o seu legado dentro da história do esporte!
Vale a reflexão!
Bom, é isso!
Tudo de bom e até a próxima!
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Simoni Aquino
Idealizadora e escritora do Blog Além do RH