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Há exatos 53 anos um dos mais importantes discursos da história da humanidade era feito. E atendendo a inúmeros pedidos, hoje publicarei a transcrição
desse célebre e histórico discurso realizado pelo pastor e líder do movimento contra a segregação racial Martin Luther King, pronunciado
na escadaria do Monumento a Lincoln para mais de
250 mil pessoas de todas as etnias, reunidas em Washington, capital dos Estados Unidos da
América, após a "Marcha para Washington por Emprego e Liberdade".
Esse discurso foi pronunciado como uma maneira de divulgar de uma forma direta e contundente as condições de vida desesperadas dos negros americanos e exigir do poder federal um maior comprometimento quanto as providencias a serem tomadas para resguardar a segurança física dos negros e dos defensores dos direitos civis, sobretudo no Sul do país.
Esse discurso foi pronunciado como uma maneira de divulgar de uma forma direta e contundente as condições de vida desesperadas dos negros americanos e exigir do poder federal um maior comprometimento quanto as providencias a serem tomadas para resguardar a segurança física dos negros e dos defensores dos direitos civis, sobretudo no Sul do país.
Esse discurso foi capaz de influenciar diversas atitudes em relação aos direitos dos negros: Em 1964 a
Lei dos Direitos Civis foi votada e promulgada por Lyndon B. Johnson e em 1965
a Lei sobre o Direito de Votar foi aprovada. Além disso, graças a seu discurso de paz Martin
Luther King, Jr. foi escolhido como Prêmio Nobel da Paz em
1964.
Por esses motivos, esse discurso é motivacional e essa personalidade nos serve de inspiração e sua mensagem acabou sendo eternizada através de suas emocionantes palavras:
QUE A LIBERDADE RESSOE!
"Estou feliz em me unir a vocês hoje naquela que ficará
para a história como a maior manifestação pela liberdade na história de nossa
nação.
Cem anos atrás um grande americano, em cuja sombra simbólica
nos encontramos hoje, assinou a proclamação da emancipação [dos escravos]. Este
decreto momentoso chegou como grande farol de esperança para milhões de
escravos negros queimados nas chamas da injustiça abrasadora. Chegou como o
raiar de um dia de alegria, pondo fim à longa noite de cativeiro.
Mas, cem anos mais tarde, o negro ainda não está livre. Cem
anos mais tarde, a vida do negro ainda é duramente tolhida pelas algemas da
segregação e os grilhões da discriminação. Cem anos mais tarde, o negro habita
uma ilha solitária de pobreza, em meio ao vasto oceano de prosperidade
material. Cem anos mais tarde, o negro continua a mofar nos cantos da sociedade
americana, como exilado em sua própria terra. Então viemos aqui hoje para
dramatizar uma situação hedionda.
Em certo sentido, viemos à capital de nossa nação para sacar
um cheque. Quando os arquitetos de nossa república redigiram as magníficas
palavras da Constituição e da Declaração de Independência, assinaram uma nota
promissória de que todo americano seria herdeiro. Essa nota era a promessa de
que todos os homens, negros ou brancos, teriam garantidos os direitos
inalienáveis à vida, à liberdade e à busca pela felicidade.
É evidente hoje que a América não pagou esta nota
promissória no que diz respeito a seus cidadãos de cor. Em lugar de honrar essa
obrigação sagrada, a América deu ao povo negro um cheque que voltou marcado
"sem fundos".
Mas nós nos recusamos a acreditar que o Banco da Justiça
esteja falido. Nos recusamos a acreditar que não haja fundos suficientes nos
grandes depósitos de oportunidade desta nação. Por isso voltamos aqui para
cobrar este cheque --um cheque que nos garantirá, a pedido, as riquezas da
liberdade e a segurança da justiça.
Também viemos para este lugar santificado para lembrar à
América da urgência ferrenha do agora. Não é hora de dar-se ao luxo de esfriar
os ânimos ou tomar a droga tranquilizante do gradualismo. Agora é a hora de
fazermos promessas reais de democracia. Agora é a hora de sairmos do vale
escuro e desolado da segregação para o caminho ensolarado da justiça racial. É
hora de arrancar nossa nação da areia movediça da injustiça racial e levá-la
para a rocha sólida da fraternidade. Agora é a hora de fazer da justiça uma
realidade para todos os filhos de Deus.
Seria fatal para a nação passar por cima da urgência do
momento e subestimar a determinação do negro. Este verão sufocante da
insatisfação legítima do negro não passará enquanto não chegar um outono
revigorante de liberdade e igualdade.Mil novecentos e sessenta e três não é um
fim, mas um começo.
Os que esperam que o negro precisasse apenas extravasar e
agora ficará contente terão um despertar rude se a nação voltar à normalidade
de sempre. Não haverá descanso nem tranquilidade na América até que o negro
receba seus direitos de cidadania. Os turbilhões da revolta continuarão a
abalar as fundações de nossa nação até raiar o dia iluminado da justiça.
Mas há algo que preciso dizer a meu povo posicionado no
morno liminar que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso
lugar de direito, não devemos ser culpados de atos errados. Não tentemos saciar
nossa sede de liberdade bebendo do cálice da amargura e do ódio.
Temos de conduzir nossa luta para sempre no alto plano da
dignidade e da disciplina. Não devemos deixar nosso protesto criativo degenerar
em violência física. Precisamos nos erguer sempre e mais uma vez à altura
majestosa de combater a força física com a força da alma.
A nova e maravilhosa militância que tomou conta da
comunidade negra não deve nos levar a suspeitar de todas as pessoas brancas,
pois muitos de nossos irmãos, conforme evidenciado por sua presença aqui hoje,
acabaram por entender que seu destino está vinculado ao nosso destino e que a
liberdade deles está vinculada indissociavelmente à nossa liberdade.
Não podemos caminhar sozinhos.
E, enquanto caminhamos, precisamos fazer a promessa de que
caminharemos para frente. Não podemos retroceder. Há quem esteja perguntando
aos devotos dos direitos civis 'quando vocês ficarão satisfeitos?'. Jamais
estaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos desprezíveis horrores da
brutalidade policial.
Jamais estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados
da fadiga de viagem, não puderem hospedar-se nos hotéis de beira de estrada e
nos hotéis das cidades. Não estaremos satisfeitos enquanto a mobilidade básica
do negro for apenas de um gueto menor para um maior. Jamais estaremos
satisfeitos enquanto nossas crianças tiverem suas individualidades e dignidades
roubadas por cartazes que dizem 'exclusivo para brancos'.
Jamais estaremos satisfeitos enquanto um negro no
Mississippi não puder votar e um negro em Nova York acreditar que não tem nada
em que votar.
Não, não estamos satisfeitos e só ficaremos satisfeitos
quando a justiça rolar como água e a retidão correr como um rio poderoso.
Sei que alguns de vocês aqui estão, vindos de grandes
provações e atribulações. Alguns vieram diretamente de celas estreitas. Alguns
vieram de áreas onde sua busca pela liberdade os deixou feridos pelas
tempestades da perseguição e marcados pelos ventos da brutalidade policial.
Vocês têm sido os veteranos do sofrimento criativo. Continuem a trabalhar com a
fé de que o sofrimento imerecido é redentor.
Voltem ao Mississippi, voltem ao Alabama, voltem à Carolina
do Sul, voltem a Geórgia, voltem a Louisiana, voltem aos guetos e favelas de
nossas cidades do norte, cientes de que de alguma maneira a situação pode ser
mudada e o será. Não nos deixemos atolar no vale do desespero.
Digo a vocês hoje, meus amigos, que, apesar das dificuldades
de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho.
É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e
corresponderá em realidade o verdadeiro significado de seu credo: 'Consideramos
essas verdades manifestas: que todos os homens são criados iguais'.
Tenho um sonho de que um dia, nas colinas vermelhas da
Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos poderão
sentar-se juntos à mesa da irmandade.
Tenho um sonho de que um dia até o Estado do Mississippi, um
Estado desértico que sufoca no calor da injustiça e da opressão, será
transformado em um oásis de liberdade e de justiça.
Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em
uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu
caráter.
Tenho um sonho hoje.
Tenho um sonho de que um dia o Estado do Alabama, cujo
governador hoje tem os lábios pingando palavras de rejeição e anulação, será
transformado numa situação em que meninos negros e meninas negras poderão dar
as mãos a meninos brancos e meninas brancas e caminharem juntos, como irmãs e
irmãos.
Tenho um sonho hoje.
Tenho um sonho de que um dia cada vale será elevado, cada
colina e montanha será nivelada, os lugares acidentados serão aplainados, os
lugares tortos serão endireitados, a glória do Senhor será revelada e todos os
seres a enxergarão juntos.
Essa é nossa esperança. Essa é a fé com a qual retorno ao
Sul. Com esta fé poderemos talhar da montanha do desespero uma pedra de
esperança. Com esta fé poderemos transformar os acordes dissonantes de nossa
nação numa bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé podemos trabalhar juntos,
orar juntos, lutar juntos, ir à cadeia juntos, defender a liberdade juntos,
conscientes de que seremos livres um dia.
Esse será o dia em que todos os filhos de Deus poderão
cantar com novo significado: "Meu país, é de ti, doce terra da liberdade,
é de ti que canto. Terra em que morreram meus pais, terra do orgulho do
peregrino, que a liberdade ressoe de cada encosta de montanha".
E, se quisermos que a América seja uma grande nação, isso
precisa se tornar realidade.
Então que a liberdade ressoe dos prodigiosos picos de New
Hampshire.
Que a liberdade ecoe das majestosas montanhas de Nova York!
Que a liberdade ecoe dos elevados Alleghenies da
Pensilvânia!
Que a liberdade ecoe das nevadas Rochosas do Colorado!
Que a liberdade ecoe das suaves encostas da Califórnia!
Mas não só isso --que a liberdade ecoe da Montanha de Pedra
da Geórgia!
Que a liberdade ecoe da Montanha Sentinela do
Tennessee!"
Que a liberdade ecoe de cada monte e montículo do
Mississippi. De cada encosta de montanha, que a liberdade ecoe.
E quando isso acontecer, quando deixarmos a liberdade ecoar,
quando a deixarmos ressoar em cada vila e vilarejo, em cada Estado e cada
cidade, poderemos trazer para mais perto o dia que todos os filhos de Deus,
negros e brancos, judeus e gentios, protestante e católicos, poderão se dar as
mãos e cantar, nas palavras da velha canção negra, "livres, enfim!
Livres,
enfim!
Louvado seja Deus Todo-Poderoso.
Estamos livres, enfim!"
Tradução de: Clara Allain
Assista ao vídeo do discurso de Martin Luther King
Bom, é isso!
Tudo de bom e até a próxima!
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